Cristina
Bodas
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Paulo
Adário, coordenador da campanha Greenpeace Amazônia, alerta
para a necessidade do zoneamento da região
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Devido a uma exploração
feita sem planejamento algum do uso do solo, pelo menos 3% de toda
a região de floresta amazônica - cerca de 100 mil km2
- hoje é composta por áreas degradadas. Conhecidas como
juquiras, essas regiões são praticamente pré-desérticas,
uma vez que, devido à composição arenosa do solo,
dificilmente terão uma recomposição ambiental
natural.
Muitas são
áreas exploradas por grandes empresas privadas que se instalaram
na região na década de 70 devido ao incentivo fiscal
dado pelo governo àquelas que, independentemente de seu ramo
de produção, desenvolvessem também atividades
agropecuárias. São companhias que simplesmente abandonaram
a região assim que o incentivo acabou.
A possibilidade
de manutenção no Código Florestal da porcentagem
de desmatamento em 20% na região amazônica tem sido
comemorada por ativistas ecológicos de todo o Brasil e até
estrangeiros. Entretanto, exemplos como as juquiras mostram que
delimitar a quantidade de árvores que podem ser derrubadas
não é o suficiente para a preservação
da floresta.
O desflorestamento
de 20% em algumas áreas pode estar contribuindo para a destruição
de toda uma fauna específica daquele local. "Antes de
mais nada é preciso que seja feito um zoneamento econômico
e ecológico para se definir o que pode ser uma área
de uso e uma de não-uso. Às vezes, 20% pode ser demais
em algumas regiões", comenta Paulo Adário, coordenador
da campanha Greenpeace Amazônia.
Se a porcentagem
de desflorestamento for definitivamente mantida em 20%, novos temas
deveriam então entrar na pauta de discussão na sociedade:
recuperação de áreas degradadas, mapeamento
econômico e ecológico e manutenção do
equilíbrio ambiental. Só então poderemos começar
a pensar em um desenvolvimento econômico e ambientalmente
sustentável na Amazônia.
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