Mais de 8 mil pessoas são removidas
de Angra em caso de acidente

Cristina Bodas, direto de Angra dos Reis

A população que mora ao redor da central nuclear de Angra dos Reis vive sob risco constante. Se ocorrer um vazamento em Angra 1 ou 2, todas as pessoas - mais de 8 mil - que vivem num raio de 5 km ao redor das usinas têm de ser removidas. Nesse caso, deixariam suas casas para serem abrigadas por tempo indeterminado em colégios localizados no centro de Angra dos Reis.

Em caso de acidente, a população seria avisada inicialmente por meio de sirenes. A Defesa Civil, responsável pelo plano de evacuação, prevê um crescimento do número de sirenes, mas, atualmente, apenas quatro - na verdade, três, porque uma está quebrada há meses - são acionadas para avisar toda a região. No bairro Frade, por exemplo, há áreas nas quais o alarme não seria ouvido. "Essas pessoas seriam avisadas pelas viaturas da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros", afirma Luiz Henrique Gonçalves de Morais, superintendente de Apoio Técnico à Operação da Eletronuclear, empresa que administra a central.

Até 1994, o Plano de Emergência da usina previa a evacuação de uma área em um raio de 15 km. "Testes mostraram que o nível de radiação não justificaria a retirada de pessoas numa área superior a 5 km", argumenta Luiz Henrique. Segundo ele, num raio entre 5 km e 15 km o plano prevê apenas um controle do meio ambiente, checando se o índice de radiação é aceitável.

"Reduzindo de 15 km para 5 km, eles não têm de retirar a população de Angra dos Reis. Facilita para eles", afirma Ruy de Góes, coordenador da campanha nuclear do Greenpeace no Brasil. para ele, o raio de 5 km para evacuação é insuficiente. "Em caso de acidente grave, até a população do Rio de Janeiro poderia ser atingida", analisa.

Segundo o superintendente, caso ocorra um acidente, a contaminação radioativa da área próxima às usinas aconteceria pelo ar, devido à formação de uma nuvem de gases que poderia se alastrar pela região. Ele descarta a possibilidade de explosão, como ocorreu em Chernobyl. "O prédio do reator foi construído especialmente para suportar uma grande pressão do ar. Já em Chernobyl, o reator era abrigado em um prédio convencional", afirma.

Veja o mapa.

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