Cristina Bodas, em São Paulo
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Símbolo
internacional identifica que o alimento recebeu radiação
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Os
brasileiros logo devem começar a comer morangos, batatas,
cebolas e outros legumes e frutas que receberão radiação
durante o processo de industrialização. De acordo
com o Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares),
algumas empresas já estudam o uso da energia nuclear como
forma de desinfestar alimentos, aumentando o prazo de conservação
do produto.
De
acordo com Maria Helena de Oliveira Sampa, pesquisadora do Centro
de Tecnologia das Radiações do Ipen, a ingestão
de alimentos tratados com radiação não traria
prejuízos ao ser humano. "A dose de radiação
aplicada não é suficientemente forte para tornar o
produto radioativo, portanto a pessoa não tem contato com
radiação. É uma quantidade baixa, capaz somente
de eliminar os microorganismos que podem diminuir o tempo de vida
dos alimentos", explica. Segundo ela, esses microorganismos
são menos resistentes que, por exemplo, as vitaminas dos
produtos, que não são eliminadas pela radiação.
Maria
Helena diz que a legislação brasileira já prevê
a radiação de alimentos, processo já utilizado
em especiarias que são exportadas. "Nos Estados Unidos,
por exemplo, há um ano uma lei obriga que a carne seja tratada
com radiação para eliminar microorganismos como a
salmonela", cita. Segundo ela, empresas brasileiras que exportam
carne de vaca e de frango têm procurado o instituto em busca
de informações sobre o processo de desinfestação
por radiação.
Entretanto,
de acordo com representantes do Greenpeace no Brasil, em países
europeus o processo de radiação em alimentos ainda
é estudado com muita precaução ao mesmo tempo
em que a sociedade começa a discutir o assunto. No Brasil,
mesmo as empresas que já usam essa tecnologia ainda hesitam
em divulgá-la por preocupação com a reação
da opinião pública. Antes de ser utilizada em escala
comercial, é preciso que as indústrias invistam em
uma ampla campanha de esclarecimento da população.
Segundo
Maria Helena, as empresas terão de incluir na embalagem um
símbolo internacional demonstrando que o produto foi irradiado.
Algumas companhias já aplicam essa imagem, mas outras apenas
se limitam a escrever um lembrete em letras minúsculas. O
consumidor é que deverá estar atento.
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