Países reduzem investimento em energia nuclear a longo prazo

Cristina Bodas, em São Paulo

Enquanto o Brasil liga a usina de Angra 2, a maioria dos países põe o pé no freio dos investimentos nucleares. Dos 32 países que mantêm usinas hoje, apenas cinco - China, Índia, Japão, Coréia do Sul e Rússia - têm planos de criar ou aumentar suas instalações nucleares a longo prazo, segundo levantamento da Nuclear Engineering, organização internacional ligada à indústria nuclear.

A Turquia era o sexto país desta lista, mas no dia 25 de julho o primeiro-ministro Bulent Ecevit declarou que o governo estava abandonando, "pelos menos durante os próximos 10 ou 20 anos", os planos de construir sua primeira usina de energia nuclear. "Nosso programa de estabilidade econômica poderia ser seriamente afetado hoje se fizéssemos um investimento desse porte (US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões) em energia nuclear", afirmou.

A falta de recursos financeiros não é a única causa da queda dos investimentos em energia nuclear. Na Alemanha - país com o qual o Brasil tem o acordo para a construção de Angra 2 e 3 - a decisão foi política. Apoiados pela opinião pública, os chamados "verdes alemães" aprovaram em junho o compromisso negociado pelo governo com as indústrias para o fim da energia nuclear civil. O acordo prevê uma vida média de 32 anos, a partir da data de início de suas operações, para cada uma das 19 centrais nucleares. Se o acordo for cumprido, a última usina deve parar suas atividades até 2021.

No mundo existem hoje 430 usinas nucleares em operação. Segundo dados da Agência Internacional de Energia Atômica, 17% da energia gerada no mundo provém de sistemas nucleares. Independentemente dos investimentos futuros, a França e o Japão são, atualmente, os principais alavancadores e incentivadores do crescimento da energia nuclear. Para se ter uma idéia, a França é o segundo país mais dependente de energia nuclear - perdendo apenas para a Lituânia. Cerca de 80% da energia elétrica do país é obtida por usinas nucleares.

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