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Diário Despedida com batatas no convés Sexta-feira, 12 de janeiro de 2001. Paulo Gleich - Repórter Terra Chegou hoje ao fim a viagem a bordo do Arctic Sunrise quando, às 7h, o navio atracou no maior porto da América Latina, na cidade paulista de Santos. Alguns comemoravam a chegada; outros, que como eu desembarcariam ali, não estavam tão animados. Agitada, a assessora de imprensa do Greenpeace já agilizava a cobertura da chegada do navio, mas os demais tripulantes seguiam a rotina. Como não podíamos desembarcar até que a vigilância sanitária e a Receita Federal tivessem liberado o navio, aproveitei para realizar o mais famoso dos clichês de alto-mar. Falei com a cozinheira, que já preparava o almoço, e fui descascar batatas no convés. Não foi muito diferente de descascar batatas em qualquer outro lugar, mas valeu a pena pelo valor simbólico da coisa. O navio finalmente foi liberado, e chegou a hora da despedida. O chefe de convés, Kevin, me agradeceu pela "boa energia" a bordo, e brincou que fui o primeiro jornalista a pagar pelas bebidas consumidas. Me despedi também de Simone, a voluntária que conheci no primeiro dia e que acompanhei durante a expedição. Como foi uma das únicas voluntárias que não passou mal a bordo, estava trabalhando dobrado, mas sem queixas. “Estou aqui pra isso” disse, sorrindo, enquanto nos despedíamos. Desci a rampa de embarque e olhei uma última vez para o Arctic Sunrise, que já estava cercado de jornalistas e voluntários do Greenpeace de São Paulo. A cena lembrou-me do primeiro dia, quando o navio chegou a Porto Alegre e eu estava lá para recebê-los. Mais uma vez, open boat, coletiva de imprensa, uma ação direta - quem sabe? E depois zarpar, com novos voluntários, tripulantes e repórteres, para mais uma etapa da Expedição das Américas. P.S: Ontem, na última noite a bordo, estava escalado para fazer a guarda na ponte de comando. Das quatro horas que deveria ficar na vigília, acabei ficando só quinze minutos, pois um voluntário argentino, afoito por executar a tarefa, tomou o meu lugar. Aproveitei a folga para entrevistar o capitão, o holandês Hamid van Louhuiden (leia a entrevista).
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