Um novo estudo oferece mais evidências de que a terapia combinada de drogas anti-Aids tem feito muito para tornar a infecção pelo HIV uma doença crônica e controlável para aqueles com acesso ao tratamento. A pesquisa com pacientes soropositivos da França, realizada entre 1992 e 1999, mostrou que o período entre a infecção inicial pelo vírus e a progressão da Aids aumentou, junto com a evolução da terapia anti-HIV de uma única droga antiviral para a terapia tripla.
O estudo "revelou uma importante prolongação do período sem Aids, concomitante com a introdução da terapia tripla contra o HIV no final da década de 1990", de acordo com Dominique Costagliola, do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica, em Paris, e sua equipe. As descobertas estão publicadas na edição de maio do Journal of Acquired Immune Deficiency Syndromes.
Os cientistas avaliaram cerca de 4.700 pacientes com HIV com uma data conhecida da infecção pelo vírus. O objetivo era saber quanto tempo eles levavam para desenvolver a Aids. A equipe dividiu os pacientes em três grupos, com base na data de infecção. As pessoas do período 1 foram infectadas entre janeiro de 1992 e junho de 1995, quando a terapia-padrão incluía uma única droga. Aquelas do período 2 contraíram o vírus entre julho de 1995 e junho de 1996, quando a terapia tradicional consistia em dois medicamentos antivirais.
O terceiro grupo começou o tratamento após julho de 1996 - um período em que o tratamento incluía a terapia tripla, com uma droga chamada inibidor de protease e dois remédios antivirais. Ao longo da década de 1990, os pacientes tinham menos risco de desenvolver a Aids, disseram os autores do estudo. Antes da metade de 1995, as chances de ficar livre da Aids cinco anos após a infecção eram de cerca de 70%. Elas aumentaram para quase 78%, entre metade de 1995 e metade de 1996, e para quase 90% após a metade de 1996. Após meados de 1996, o risco de desenvolver Aids caiu 64 por cento, indicou a pesquisa.
Além disso, o tempo entre a infecção por HIV e o desenvolvimento da Aids cresceu durante os anos 90, afirmaram Costagliola e sua equipe. Antes da metade de 1995, o tempo médio entre a infecção por HIV e a Aids era de oito anos. Mas ele aumentou para quase dez anos entre a metade de 1995 e meados de 1996, e para 20 anos após a metade de 1997. Em descobertas similares publicadas na mesma edição da revista, autoridades de saúde de Nova York afirmaram que as taxas de sobrevivência aumentaram entre pessoas com Aids da cidade de Nova York, após a introdução da terapia de combinação.
Em um estudo com cerca de 80 mil pessoas com Aids, 43% que foram diagnosticadas entre 1990 e 1995 ainda estavam vivas dois anos depois. Já aquelas diagnosticadas entre 1996 e 1998, a taxa de sobrevivência de dois anos cresceu para 76%. No entanto, nem todos os pacientes com Aids de Nova York tiveram o mesmo sucesso, de acordo com a equipe liderada por E. James Fordyce, do Departamento de Saúde da Cidade de Nova York. As pessoas com certas doenças relacionadas à Aids, particularmente alguns tipos de câncer, pareceram se beneficiar menos da terapia combinada, de acordo com a pesquisa.