Ler muitos livros por semana pode, além de ampliar o vocabulário da criança, aumentar o risco de desenvolver miopia grave, conforme um estudo conduzido por pesquisadores da China e de Cingapura. "Nossos resultados sugerem que fatores de risco ambientais têm um papel importante no desenvolvimento da miopia em crianças asiáticas e, possivelmente, em crianças de outras origens étnicas", disse o médico Senag-Mei Saw, da Universidade Nacional de Cingapura.
As descobertas são baseadas em um estudo que envolveu 957 crianças, que frequentavam a escola, na faixa dos 7 aos 9 anos em Cingapura e Xiamen, na China. Na pesquisa, Saw e seu grupo investigaram a relação entre a miopia, o uso de luz noturna e a leitura. Cerca de um terço das crianças de Cingapura era míope, em comparação a 18,5% das chinesas, relataram os cientistas na edição de maio da revista Archives of Ophthalmology.
Além disso, as crianças que liam mais de dois livros por semana tinham em torno de três vezes mais risco de sofrer de miopia grave do que aquelas que liam menos, indica o estudo. Esses resultados se mantiveram mesmo quando os pesquisadores levaram em conta a idade, o uso da luz noturna, a miopia dos pais e outros fatores que podem ser associados ao risco elevado da condição.
Diferentemente, as crianças que foram expostas a algum tipo de luz noturna antes de entrarem na escola - antes de completarem 2 anos de idade - não tinham risco muito maior de desenvolver miopia do que aquelas que não eram expostas à luz, disse o grupo de pesquisadores. "Há um debate quanto à importância da iluminação noturna, já que evidências de estudos anteriores estão confusas", disse Saw. "Entre as crianças asiáticas, a luz noturna parece não contribuir de forma significativa para a miopia."
Apesar das descobertas, Saw não recomenda que as crianças leiam menos. Ele pediu mais estudos "para identificar outros fatores de risco possivelmente modificáveis para miopia, como a postura ao ler, a distância entre o livro e os olhos, e as condições de iluminação durante a leitura", afirmou. O Conselho Nacional de Pesquisa Médica de Cingapura financiou o estudo.