Para descobrir quem está sob maior risco de desenvolver câncer de mama, os computadores podem ser tão eficazes quanto os experientes conselheiros de genética humana, indica um novo estudo. Os computadores foram tão precisos quanto os conselheiros ao determinar quais mulheres poderiam estar propensas a apresentar mutações hereditárias dos chamados genes de câncer de mama, com base no histórico familiar delas, de acordo com a pesquisa publicada na edição de 5 de junho do Journal of the National Cancer Institute.
Uma mulher que herda uma mutação dos genes BRCA1 ou BRCA2 tem um risco de 35 a 85 por cento de desenvolver a doença em algum momento da vida, afirmou o principal autor do estudo, David Euhus, do Centro Médico Southwestern, da Universidade do Texas. Essa paciente também está sob alto risco de desenvolver câncer de ovário, acrescentou o pesquisador. O risco de câncer pode ser bastante reduzido com a remoção cirúrgica dos ovários e/ou das mamas. Por isso, as pacientes com um histórico de câncer de mama ou ovário normalmente querem saber se herdaram essas mutações genéticas. Mas o teste genético para a suscetibilidade à enfermidade pode custar caro e, às vezes, os resultados podem ser ambíguos em relação às decisões sobre o tratamento da paciente, explicou Euhus.
Desse modo, "a seleção cuidadosa da paciente é necessária antes do exame", disse ele. No novo estudo, Euhus e sua equipe forneceram dados de câncer sobre 148 famílias a oito conselheiros genéticos e também ao computador. Ambos foram informados sobre quantos membros familiares tinham a doença e com que idade eles desenvolveram a enfermidade.
Homem e máquina tiveram um desempenho praticamente igual e ambos identificaram os pacientes sob risco mais de 90% das vezes, descobriu a equipe. Isso não significa que os computadores vão substituir os conselheiros genéticos, disse o cientista. "Muitos fatores humanos podem estar envolvidos nesse tipo de aconselhamento", acrescentou. "A predição de mutações é apenas uma pequena parte do que o conselheiro de risco faz. Mas acredito que conselheiros inexperientes devem usar o computador, e mesmo confiar nele, até formarem um registro próprio."
Euhus acha que o computador pode ser usado como uma "pré-ferramenta de triagem". "Cada paciente que procura o Centro de Cuidado da Mama Southwestern, da Universidade do Texas, tem as informações do histórico familiar avaliadas por computador antes de ser atendido por um médico", disse ele. "Isso possibilita a discussão inteligente de orientações para o aconselhamento de risco geral ou o teste genético."
"Os conselheiros genéticos com mais experiência vão esboçar genealogias extensas e formular um parecer relacionado à probabilidade de mutação baseada nisso. Mas eles também vão checar novamente com o computador, pois ocasionalmente ficamos surpresos ao verificar que um histórico familiar que parecia inofensivo à primeira vista, na verdade, estava associado a uma probabilidade muito alta de mutação" pelo computador.