A alteração na arquitetura do sono durante a Copa da madrugada é uma bomba-relógio para o organismo humano, principalmente a partir do quinto dia consecutivo, podendo causar desde acidentes de trânsito até problemas mais graves e até a morte, advertiram médicos. "O ideal para as pessoas que querem assistir aos jogos sem prejudicar a saúde é que façam uma alimentação leve, que durmam um pouco até a partida das 3h30 e que voltem a dormir umas horinhas também durante o dia", disse a médica do sono Flávia Guimarães, formada pela Universidade de Stanford (EUA).
"O que acontece muitas vezes é que o pessoal acaba se reunindo com os amigos para um churrasco com a desculpa de aguardar o início do jogo e bebe muito. Isso funciona como uma bomba-relógio. Um mês nessa rotina é suficiente para bagunçar o relógio biológico, além do ciclo do sono. Isso pode elevar o índice de pessoas que sofrem de insônia, já que o cérebro vai se acostumando com esse novo ritmo", explicou. Para a especialista, a privação do sono pode causar mau humor, intolerância, perda de concentração, sonolência excessiva, insônia frequente e hipertensão arterial.
"Depois de cinco dias nessa rotina, a pessoa começa a sentir os distúrbios reflexopsicomotores. Ela pode ver o sinal vermelho e continuar com o carro em movimento, sem perceber que o vermelho representa pare, perigo. Ou até mesmo ver que vai sofrer um acidente e não ter uma reação para evitá-lo", explicou. Já o cardiologista Marcos Benchimol acredita que as consequências de dormir fora de hora possam ser ainda mais sérias, causando até mesmo a morte.
"Pode acontecer a apnéia do sono -- quando o ar não passa pela laringe, havendo uma sufocação. Neste período cai a oxigenação e o doente é acordado sem perceber. Isso aumenta a adrenalina, desenvolvendo vários distúrbios como morte súbita, enfarte e hipertensão arterial", afirmou, lembrando que isso é mais frequente em pessoas obesas.