Um tipo de ultra-sonografia pode identificar pacientes com um problema cardíaco que é uma das principais causas de morte súbita de pessoas jovens, informou um novo estudo. A doença, que é conhecida pelos médicos como cardiomiopatia hipertrófica (CMH), pode ser causada por mais de 100 mutações diferentes que ocorrem em até dez genes.O distúrbio provoca o espessamento do músculo cardíaco e pode limitar a capacidade do coração de bombear sangue - o que coloca o paciente sob risco de sofrer insuficiência cardíaca ou morte súbita por parada cardíaca. Uma característica da CMH é o aumento anormal (hipertrofia) do ventrículo esquerdo, a principal câmara de bombeamento do coração.
No entanto, esse crescimento não ocorre em todos os afetados e, geralmente, ele não se torna aparente antes de o paciente atingir a idade adulta. Uma possibilidade de tratamento é a implantação de um desfibrilador, que restaura a atividade cardíaca em caso de interrupção súbita.
Anteriormente, pesquisadores já haviam sugerido que as anormalidades na função diastólica do coração - fase em que o órgão relaxa e se enche de sangue - poderiam indicar um estágio inicial da CMH.
Para investigar a hipótese, a equipe de Scott D. Solomon, do Brigham and Women's Hospital, em Boston (Massachusetts), usou um tipo de ultra-sonografia chamada doppler para avaliar a função diastólica de 36 pacientes com CMH e de 36 pessoas sem o problema. As conclusões foram publicadas na segunda-feira, na edição de acesso rápido da revista Circulation, da Associação Americana do Coração.
Com base em duas medidas da capacidade de relaxamento do coração, os pesquisadores conseguiram diferenciar, usando o doppler, os voluntários saudáveis das pessoas portadoras da cardiomiopatia.
"Atualmente, o diagnóstico da CMH depende em grande parte da ocorrência de hipertrofia, que muitos pacientes apresentam apenas em fases posteriores da vida," disse Solomon à Reuters Health. "Apesar de os genes envolvidos na CMH terem sido identificados, não há um teste genético claro (para identificar a doença) porque muitas mutações diferentes estão envolvidas. Por esse motivo, é necessária outra forma de identificar a presença do distúrbio."
O doppler "nos permite observar algo que não éramos capazes de avaliar antes - a capacidade de relaxamento do coração," disse Solomon. "Verificamos que os doentes com CMH, independente da presença de hipertrofia, apresentam redução do relaxamento cardíaco."
"Os pacientes que participaram do estudo atual apresentavam uma determinada mutação. Sabemos que eles têm CMH, mas não podemos prever se desenvolverão hipertrofia," observou o pesquisador. "Também não sabemos se nossos resultados são aplicáveis a todos os portadores de CMH ou a todas as mutações relacionadas ao distúrbio."