Atualmente, menos médicos norte-americanos prescrevem antibióticos para crianças e adolescentes que em 1990. Essa redução, provavelmente, é consequência dos esforços para conter o aumento alarmante de infecções resistentes a esse tipo de medicamento, explicaram os autores do estudo.A equipe de Linda F. McCaig, dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, em Atlanta (Geórgia), verificou que, em consultas feitas entre 1999 e 2000, os médicos deram apenas 30 milhões de prescrições de antibióticos para crianças menores de 15 anos. Esse numero é bem menor que as 45 milhões de receitas emitidas entre 1989 e 1990.
A queda ocorreu apesar de o número de consultas feitas por crianças nos dois períodos ter permanecido o mesmo, observaram os pesquisadores em artigo publicado na edição de 19 de junho do Journal of the American Medical Association.
McCaig explicou que a diferença no número de prescrições de antibióticos resulta do aumento de consciência da relação entre o uso inadequado desses medicamentos e a propagação de bactérias resistentes a antibióticos, que gera risco para toda a população.
As explicações mais prováveis para essa queda são a atenção dedicada pelos meios de comunicação ao problema da resistência aos antibióticos e os esforços de muitas organizações que, durante a década de 90, uniram-se para informar médicos e pais sobre uso apropriado do medicamento", comentou a pesquisadora.
As conclusões da equipe baseiam-se nos resultados de levantamentos feitos com entre 2,5 mil a 3,5 mil médicos, realizados entre 1989 e 1990 e repetidos entre 1999 e 2000. Os médicos informaram ter receitado antibióticos em mais de 13,6 mil consultas feitas por pacientes com menos de 15 anos.
Embora os pesquisadores tenham verificado uma redução geral na taxa de prescrições de antibióticos, a mesma tendência não foi observa para todas as doenças. McCaig disse ter ficado surpresa ao verificar que, em 2000, médicos continuavam tão propensos quanto antes a receitar antibióticos para uma criança com bronquite - doença causada por um vírus e que não responde a esse tipo de medicamento.
Por esse motivo, a taxa de prescrição de antibióticos para crianças e adolescentes "provavelmente ainda é muito alta", afirmou a coordenadora do estudo. Apesar disso, a pesquisadora comentou estar entusiasmada com os resultados. "Finalmente, os pais parecem compreender a mensagem e, em vez de solicitar um antibiótico, pedem o melhor tratamento possível para a doença do filho," disse McCaig.
Em outro artigo publicado na mesma edição da revista, a equipe de Marie F. Griffin, da Universidade Vanderbilt, em Nashville (Tennessee), informou que uma campanha de um ano de duração, promovida pelo Departamento de Saúde do Condado de Knox, no Tennessee, levou a uma diminuição de 11% na taxa de prescrições de antibióticos para crianças da região.
Michael F. Pichichero, do Centro Médico da Universidade de Rochester, em Nova York, autor do editorial sobre o assunto, disse à Reuters Health que os resultados desses dois estudos demonstram que a comunidade pode evitar a resistência aos antibióticos. Outros condados deveriam repetir a experiência de Knox e adotar um programa semelhante. "A prescrição excessiva pode ser reduzida por meio de um esforço de intervenção educativa", disse Pichichero.