Cientistas descobriram uma molécula no espermatozóide que desencadeia a fertilização, um avanço que pode ajudar casais inférteis a ter filhos e levar ao desenvolvimento de anticoncepcionais masculinos.O professor Tony Lai e pesquisadores da Universidade do País de Gales, em Cardiff, disseram na quarta-feira que isolaram o gene "fator de espermatozóide". O gene produz uma proteína que faz com que um óvulo se divida e se desenvolva em um embrião.
A proteína, chamada PLC-zeta, desencadeia uma série de aumentos nos níveis de cálcio no óvulo que ocorrem durante a fertilização. Cientistas observaram as elevações de cálcio durante a fertilização "in vitro" (FIV), mas até agora não sabiam como o espermatozóide ativava o sinal de cálcio.
"Por muitos anos, cientistas vêm tentando identificar como o óvulo é ativado e começa a se dividir", disse Lai. "Após diversas pistas falsas, conseguimos identificar uma molécula que tem a capacidade de produzir os efeitos observados na fertilização", acrescentou ele.
A descoberta, apresentada na edição online da revista Development, pode ter implicações no tratamento da infertilidade masculina e no desenvolvimento de contraceptivos para homens.
O avanço também vai acelerar a pesquisa de clonagem terapêutica e células-tronco embrionárias, que podem formar qualquer tipo de tecido.
"Estamos entusiasmados por estarmos na vanguarda de uma descoberta tão excitante. Os benefícios potenciais para a medicina são imensos", afirmou Lai.
Os cientistas suspeitam que os homens sem PLC-zeta no espermatozóide são inférteis. Sabendo o que desencadeia a fertilização, eles também podem desenvolver contraceptivos masculinos, de acordo com Lai.
"Agora que identificamos essa molécula, pode ser possível analisar homens inférteis que parecem ter problemas com a ativação do óvulo. Se eles tiverem um defeito na PLC-zeta, nossa descoberta pode ajudar esses homens inférteis", explicou.
O professor Jerry Schatten, da Universidade de Pittsburgh, acredita que a descoberta vai acelerar a pesquisa em muitas áreas.
"A busca pelo sinal do espermatozóide que ativa o óvulo começou há dois séculos e é vital para compreender como um óvulo fertilizado começa uma nova vida", disse ele em um comunicado.
"Estratégias inovadoras de contraceptivos masculinos, novas terapias para superar a infertilidade e descobertas importantes no potencial das células-tronco embrionárias serão antecipadas devido a essa extraordinária descoberta", acrescentou.
A clonagem terapêutica usa a técnica de clonagem para criar embriões em fase inicial como uma fonte de células-tronco, oferecendo uma forma potencialmente revolucionária de tratar doenças, como diabete e Parkinson.
Os pesquisadores que criaram a ovelha Dolly empregaram uma técnica chamada transferência nuclear e desencadearam a divisão celular com pulsos elétricos.
Lai acredita que o PLC-zeta pode aprimorar a técnica ao substituir os impulsos elétricos. "O que identificamos é a molécula do espermatozóide que faz o trabalho naturalmente", explicou.