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Cientistas propõem nova estratégia de combate ao HIV
Sexta, 25 de outubro de 2002, 08h44

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Um antigo mecanismo de defesa usados por plantas e outros organismos no combate a vírus é promissor como estratégia para o tratamento do HIV, vírus que causa Aids, e outras doenças, informaram cientistas.

O mecanismo, chamado de interferência de RNA, "pode revolucionar a biologia," avaliaram Moiz Kitabwalla e Ruth M. Ruprecht, do Instituto de Câncer Dana-Farber, em Boston (Massachusetts), em artigo publicado na edição de 24 de outubro do New England Journal of Medicine.

Em entrevista à Reuters Health, Judy Lieberman, do Centro de Pesquisa de Sangue, em Boston, disse que a interferência de RNA é uma " estratégia antiviral antiga" usada por plantas, vermes e outras espécies inferiores.

Na interferência de RNA, o chamado RNA curto interferente, ou siRNA, degrada o RNA mensageiro, material genético que traduz as instruções do DNA sobre a produção de proteínas. Segundo Lieberman, há cerca de um ano e meio, pesquisadores descobriram que a interferência de RNA poderia ocorrer também em células de mamíferos.

"Avaliamos que seria uma boa idéia utilizá-la no combate a infecções virais, em particular contra o HIV," disse Lieberman. A pesquisadora participou de um estudo em que uma equipe do Centro de Pesquisa de Sangue e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts usou a interferência de RNA para desativar o RNA mensageiro nas células imunológicas e no HIV.

Segundo Kitabwalla e Ruprecht, autores do novo estudo, há necessidade de novas estratégias para o HIV, já que um número crescente de norte-americanos é infectado por cepas que adquirem a capacidade de neutralizar os efeitos da terapia anti-retroviral.

Eles lembraram que duas equipes além do grupo de Lieberman usaram a interferência de RNA como arma contra o HIV, em laboratório. Há vários obstáculos que devem ser superados antes que a estratégia possa ser usada clinicamente, indicou o artigo.

Os autores informaram que introduzir o siRNA nas células é um processo ineficiente. Quando estiver no interior da célula, outro desafio será garantir que ele permaneça estável, observaram os especialistas.

Se os obstáculos forem superados, a "interferência de RNA terá implicações para além do HIV e AIDS," informou o artigo. Kitabwalla e Ruprecht sugerem que a estratégia poderia ser usada para atacar genes mutantes em células cancerosas. Eles lembraram ainda que o siRNA também pode degradar o RNA mensageiro de outros vírus, como o poliovírus.

Para Lieberman, alguns obstáculos foram superados em estudos que ainda não foram publicados. A pesquisa sobre a interferência de RNA é um "setor com desenvolvimento rápido," disse a pesquisadora.

Entretanto, Lieberman lembrou que a abordagem está "bem distante da prática clínica."

Reuters Health

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