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África do Sul aumenta orçamento para combater Aids
Quarta, 30 de outubro de 2002, 09h48

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A África do Sul anunciou, nesta terça-feira, um aumento no orçamento para a luta contra a Aids e reverteu sua controversa política de não prescrever anti-retrovirais em hospitais públicos.

Ativistas saudaram o anúncio como a confirmação de um novo avanço contra a Aids, que atinge um em cada nove sul-africanos.

O ministro das Finanças, Trevor Manuel, anunciou o aumento de cerca de 329 milhões de dólares nos próximos três anos, em um comunicado sobre políticas de médio prazo. O orçamento existente a partir de abril de 2003 será de 470 milhões de dólares durante os próximos três anos.

Uma fonte do governo confirmou à Reuters que "os regimes de tratamento apropriados", aos quais o comunicado se referia para o gasto do dinheiro, correspondiam à terapia anti-retroviral. No momento, os medicamentos estão disponíveis para pessoas que dispõem de planos de saúde privados, mas estão proibidos em hospitais públicos.

O porta-voz da organização Treatment Action Campaign (TAC), Nathan Geffen, disse que era bom ver que o departamento do tesouro esteja falando sério sobre o HIV e que tenha aberto sua mente para o tratamento com anti-retrovirais.

"O Ministério da Saúde tem agora a oportunidade de usar esse dinheiro para o tratamento de pessoas vivendo com o HIV/Aids", disse ele.

Segundo o Conselho de Pesquisa Médica, cerca de 7 milhões de pessoas vão morrer em consequência de doenças relacionadas à Aids em 2010, caso o governo não amplie a resposta à pandemia.

O presidente sul-africano, Thabo Mbeki, questionou a associação entre HIV e Aids. Ele também rejeita afirmações de pesquisadores de Aids de que o vírus é a principal causa de morte de pessoas em idade produtiva.

Há cerca de um ano, Mbeki não comenta nenhuma questão ligada à Aids. No entanto, seu gabinete sinalizou uma mudança em abril, reconhecendo pela primeira vez que os anti-retrovirais poderiam ser adequados.

Uma delegação do governo fez uma reunião com ativistas, sindicatos e empresários, no início deste mês, para discutir um programa piloto para drogas.

"Estamos conversando e o diálogo é positivo. O governo se envolveu no processo de forma séria, mas o compromisso com a terapia anti-retroviral ainda é insuficiente", disse Geffen.

Para ele, se todo o dinheiro fosse usado para comprar medicamentos, seria possível prolongar a vida de cerca de 100 mil pessoas.

Segundo Geffen, os anti-retrovirais normalmente são adequados depois que a infecção por HIV progride para a Aids e sua aplicação não é necessária em todos os 4,8 milhões de infectados.

Reuters

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