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  AIDS
Substância presente na saliva protege bebês do HIV materno
Quarta, 30 de outubro de 2002, 16h14

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Bebês com níveis relativamente altos de uma certa substância na saliva parecem apresentar uma menor probabilidade de adquirir o vírus HIV da mãe infectada durante o primeiro mês de vida, de acordo com os resultados de um novo estudo.

A pesquisadora Carey Farquhar e colaboradores, da Universidade de Washington, em Seattle, nos EUA, descobriram que os bebês com níveis mais altos de uma substância denominada inibidor da protease secretada pelos leucócitos (SLPI, na sigla em inglês) durante o primeiro mês de vida tinham 50 por cento menos chances de adquirir o HIV da mãe do que as crianças com níveis mais baixos do mesmo composto.

Farquhar disse à Reuters Health que pode ser possível administrar drogas que mimetizem a ação do SLPI para ajudar a evitar que os bebês adquiram de suas mães a infecção pelo vírus da AIDS. "O SLPI é uma proteína a partir da qual poderia ser desenvolvido um medicamento", observou Farquhar.

O HIV-1 é um tipo importante do vírus que pode causar a AIDS. É mais facilmente transmitido por contato sexual, sangue infectado e verticalmente, da mãe para a criança. Pode resultar em AIDS mais rapidamente do que outro tipo comum, o HIV-2.

Pesquisas anteriores demonstraram que o SLPI da saliva tem propriedades antivirais, antibacterianas e antiinflamatórias. Um estudo sugeriu que essa substância cicatrizadora pode ser uma das razões pelas quais os cães e outros animais lambem suas feridas.

Os pesquisadores também demonstraram que o SLPI, em conjunto com outros compostos da saliva, pode combater o HIV-1, mas apenas a proteína inibidora tem se mostrado capaz de ter um efeito direto sobre o vírus quando testada em laboratório em concentrações normalmente encontradas na saliva.

No atual estudo, publicado na edição de 15 de outubro do Journal of Infectious Diseases, os cientistas analisaram 602 amostras de saliva de 188 bebês nascidos de mães que estavam infectadas pelo HIV-1. A saliva dos bebês foi coletada ao nascimento e aos 1, 3 e 6 meses de idade.

Embora Farquhar e colaboradores não tenham descoberto uma ligação total entre o risco das infecções transmitidas de mãe para filho, eles observaram que os bebês com níveis mais elevados de SLPI no primeiro mês de vida apresentavam uma probabilidade 50 por cento menor de ter adquirido o HIV-1 por meio do leite materno quando comparados a outras crianças.

Na maioria dos casos, a concentração de SLPI na saliva dos bebês diminuiu a partir do nascimento até os 6 meses, indica o estudo.

Embora o HIV não seja transmitido com freqüência pelo contato oral - o que os pesquisadores sugerem poder também acontecer devido à ação do SLPI - cerca de 40 por cento dos casos das transmissões de mãe para filho ocorrem por meio da amamentação, disse Farquhar à Reuters Health.

O leite materno contém HIV, observou o pesquisador. Durante o parto, o bebê também se expõe ao sangue e às secreções da mãe no canal vaginal. No útero, o bebê ingere líquido amniótico, o qual também carrega o vírus, declarou Farquhar.

A pesquisadora acrescentou que pode não ser útil analisar os níveis de SLPI ao nascimento para determinar a suscetibilidade da criança à infecção.

"Descobrimos que as taxas de SLPI durante o primeiro mês de vida estavam associadas à transmissão pelo leite materno. Em países onde as mulheres infectadas pelo HIV amamentaram seus bebês seria provavelmente melhor fazer exames para detectar a carga viral da mãe com o objetivo de determinar a quantidade de vírus que ela possui no seu organismo", disse Farquhar.

Reuters Health

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