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  AIDS
Cientistas iniciam teste de vacina global anti-Aids em humanos
Segunda, 18 de novembro de 2002, 11h25

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Pesquisadores norte-americanos atingiram o que esperam ser um marco na pesquisa sobre a Aids, com o início do primeiro teste em seres humanos de uma vacina criada para prevenir simultaneamente a infecção pelas três formas mais comuns do vírus HIV.

A primeira fase do teste com a chamada "vacina global" foi iniciada na semana passada pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês), em Bethesda, Estado de Maryland, nos EUA, sob a supervisão do Centro de Pesquisas sobre Vacinas norte-americano(VCR, na sigla em inglês).

A vacina incorpora partes modificadas de quatro genes diferentes do vírus da Aids, obtidos do HIV subtipo B -- a forma dominante na América do Norte e na Europa Ocidental -, bem como dos subtipos A e C, os mais comuns na África e Ásia.

Em conjunto, os três tipos são responsáveis por cerca de 90 por cento das contaminações pelo vírus da Aids no mundo todo.

"A idéia é ampliar a cobertura da vacina", disse Gary Nabel, diretor do VCR. "Ela confere uma proteção mais ampla e tem especial importância para os países em desenvolvimento, embora não seja prejudicial aos EUA, onde predomina o grupo B."

Nabel ressaltou que testes preliminares feitos com animais em laboratório já mostraram que a resposta imune a qualquer um dos tipos de HIV não foi diminuída pela combinação das três variantes principais. Ele observou que o histórico de desenvolvimento de vacinas serve de apoio à idéia de que uma imunização combinada possa funcionar.

"A vacina contra a poliomielite contém três linhagens diferentes do vírus que causa a doença, um precedente importante", disse à Reuters Health.

"Quando falamos sobre desenvolver uma vacina contra a Aids, acredito que uma das lições que aprendemos com o tempo é que esse é um vírus que não permanece imóvel", observou Nabel. "O HIV está em constante mutação e parece estar se adaptando a populações diferentes. Assim, a idéia por trás dessa vacina global é tentar ter mais chances de resistir aos novos vírus que possam surgir."

A primeira fase do teste envolverá 50 voluntários saudáveis e HIV negativos, com idades entre 18 e 40 anos, que receberão inoculações múltiplas da vacina teste ou de um placebo (uma solução salina inócua) ao longo de um ano.

Nabel e colaboradores mostraram-se confiantes em que, independentemente de se provar eficaz ou não ao longo do tempo, a vacina é completamente segura para ser testada em humanos.

"Não é possível contrair a infecção a partir dessa vacina, isso é muito claro", disse Nabel. "Modificamos completamente os genes com mutações múltiplas para evitar qualquer tipo de ação."

"Mas", acrescentou ele, "todos que participam da experiência recebem aconselhamento sobre como evitar comportamentos de risco, porque ainda não há provas de que essa vacina vá protegê-los. Dessa maneira, ainda estão suscetíveis às formas naturais de infecção".

Mesmo que tudo corra bem ao longo de todo o processo de testes clínicos, observou Nabel, a vacina não estará disponível para o público num prazo inferior a cinco anos.

Sven Bocklandt -- o primeiro voluntário a receber a vacina -- enfatizou sua esperança para os perspectivas da imunização, em vez de ressaltar os possíveis riscos.

"A Aids é uma doença que me afeta pessoalmente", disse à Reuters Health Bocklandt -- um pesquisador do NIH, de 28 anos, não associado ao projeto do VCR.

"Ela está ameaçando a minha vida e a de praticamente todas as pessoas de quem eu gosto. E a única maneira de erradicá-la é por meio de uma vacina. Essa é a única solução para a crise da Aids. Mas não é possível desenvolvê-la a menos que você a teste em pessoas e veja como elas respondem. Esse é o verdadeiro teste para mim. Por isso estou me submetendo a ele."

Reuters Health

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