O número de cópias do HIV volta a aumentar no sangue de quase metade dos pacientes que inicialmente respondem bem ao uso da terapia anti-retroviral altamente ativa (HAART, na sigla em inglês), também conhecida como coquetel anti-HIV, de acordo com os resultados de um estudo europeu apresentado na terça-feira.No trabalho, os pesquisadores acompanharam um total de 1.470 voluntários do estudo EuroSida com o objetivo de determinar a taxa de recidiva virológica -- em outras palavras, o aumento da quantidade de vírus no sangue -- em pacientes cuja carga viral havia sido reduzida a níveis não-detectáveis com o uso da HAART.
Os autores do trabalho calcularam a taxa geral de recidiva por períodos de seis meses para o total de voluntários. Também determinaram esses índices para os diferentes grupos de pacientes.
Durante o 6o Congresso Internacional sobre Terapia Medicamentosa para combater a Infecção por HIV, realizado em Glasgow, Amanda Mocroft, da University College, em Londres, informou que 675 pacientes (45,9 por cento do total) apresentaram recidiva.
A taxa de aumento do quantidade do vírus no sangue caiu significativamente ao longo do tempo e passou de 38,8 por cento, nos primeiros seis meses de terapia, para 9,8 por cento, dois anos após ocorrer a supressão inicial do HIV.
Esse índice foi significativamente mais baixo para os pacientes que nunca havia tratado a infecção, em comparação com as taxas apresentadas por portadores do vírus que já haviam usado diversos medicamentos.
Os pacientes que tomavam cinco ou mais drogas tiveram uma propensão maior a apresentar recidiva do vírus do que os do grupo que usava três medicamentos. Os pesquisadores também observaram efeito semelhante entre os doentes que mudaram o regime de tratamento em algum momento.
Os pacientes mais velhos foram menos propensos a ter recidiva, assim como os portadores do vírus que apresentavam contagem mais elevada de CD4, um tipo de célula de defesa do organismo que indica a saúde do sistema imunológico.
Entre os 1.102 pacientes que faziam tratamento com medicamentos, aqueles que iniciaram a terapia tomando drogas chamadas nucleosídeos tiverem tendência menor a apresentar recidiva do vírus.
Mocroft concluiu que o risco maior de recidiva pareceu ocorrer nos primeiros seis meses seguintes à supressão inicial do HIV.
"Os pacientes sob regimes mais intensivos de tratamento e os portadores do vírus que já haviam mudado a terapia medicamentosa tiveram propensão maior a apresentar recidiva, algo semelhante ao que ocorreu com as pessoas infectadas que já tratavam a infecção", afirmou a especialista. "Entre os pacientes que já tomavam medicamentos, aqueles que conseguiram adicionar novos nucleosídeos ao tratamento apresentaram um risco menor de recidiva."