Ativistas ligados ao combate à AIDS pediram na terça-feira que fabricantes de medicamentos e agências reguladoras não interrompam os estudos que avaliam potenciais efeitos dos remédios usados no combate ao vírus HIV sobre o risco de doença cardíaca e outras complicações.Muitos estudos sobre os efeitos colaterais do tratamento conhecido como terapia anti-retroviral altamente ativa foram iniciados em 1999, atendendo exigências da Agência Européia de Avaliação de Medicamentos, após registro de inúmeras complicações metabólicas nos pacientes.
As pesquisas estão quase concluídas e, ainda que os resultados obtidos até agora sejam tranquilizadores, ativistas e cientistas afirmam que os pacientes deveriam ser observados durante décadas antes de haver certeza de que não estão sob risco.
A preocupação foi expressa pelo European AIDS Treatment Group, entidade que teme que o comitê responsável por avaliar possíveis complicações dos remédios anti-HIV decida interromper os estudos no final deste mês. O comitê inclui representantes de empresas, pesquisadores e especialistas da FDA (agência norte-americana para controle de remédios e alimentos) e da Agência Européia de Avaliação de Medicamentos.
"Alguns membros do comitê acham que a agência européia poderia estar satisfeita", anunciou o grupo de ativistas durante o 6o Congresso Internacional sobre Terapia Medicamentosa da Infecção por HIV, em Glasgow, na Escócia.
Representantes do grupo disseram, durante entrevista coletiva, que as empresas não deixaram claro se continuariam financiando os estudos. Eles lembraram que, atualmente, os pacientes infectados pelo HIV vivem muitos anos, por isso é importante avaliar a segurança da terapia a longo prazo.
O presidente do Congresso, Ian Weller, que é professor da University College, em Londres, e membro do comitê, concorda com a idéia de que a única forma de obter uma resposta definitiva sobre um possível vínculo entre terapias contra HIV e aumento do risco de doenças cardíacas é a observação a longo prazo dos pacientes.
Na sua opinião, as empresas podem estar preocupadas com a possibilidade de que a experiência de colaboração nos estudos sobre HIV abra um precedente para estudos semelhantes de tratamento contra outras doenças.
Atualmente, o sistema de supervisão das drogas que chegam ao mercado geralmente avalia registros de efeitos adversos verificados com drogas individuais, em vez de observar todos os medicamentos de um grupo terapêutico.