Novas terapias anti-HIV, que sejam práticas para as nações em desenvolvimento, são cruciais na luta contra a Aids em todo o mundo, disseram dois cientistas que descobriram a causa da doença. Em artigo publicado na revista Science, Robert Gallo e Luc Montagnier afirmaram que o desenvolvimento de microbicidas para bloquear a transmissão sexual do HIV também deve ser uma prioridade, enquanto se continua o trabalho com uma vacina contra Aids.Cerca de 42 milhões de pessoas estão infectadas com o HIV, vírus que causa Aids, em todo o mundo, de acordo com os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas.
Medicamentos anti-HIV podem prolongar a vida de pessoas ao suprimir o vírus. No entanto, vítimas nos países pobres, incluindo regiões gravemente atingidas da Ásia e África, não têm como pagar pelos remédios. Várias iniciativas estão em andamento para disponibilizar as drogas aos pacientes pobres.
A redução dos preços dos medicamentos pode resolver parcialmente o problema de custo, de acordo com os especialistas. "Mas a infra-estrutura necessária para realizar o acompanhamento dos pacientes durante o tratamento será cara e difícil. E a duração desses tratamentos fará com que, em última instância, eles se tornem inacessíveis para os pacientes em nações pobres."
As drogas anti-Aids devem ser tomadas de acordo com esquemas complexos, pois há o risco de cepas resistentes do HIV se desenvolverem. Além disso, os remédios podem causar efeitos colaterais tóxicos. "É imperativo lançar ensaios clínicos para testar terapias adicionais que sejam menos tóxicas e mais baratas", afirmaram os cientistas.
Eles também pediram "uma transferência de tecnologia do Norte para o Sul e um intercâmbio de informações". "Cientistas e médicos dos países desenvolvidos devem contribuir para a criação de infra-estrutura nas nações mais atingidas pela Aids. Eles precisam treinar especialistas em saúde nessas nações, ajudar a conduzir ensaios clínicos e montar laboratórios para analisar cepas virais." Gallo chefia o Instituto de Virologia Humana, da Universidade de Maryland. Montagnier é presidente da Fundação Mundial para Pesquisa e Prevenção de Aids, em Paris.