Apesar da queda constante no número de casos de Aids no país, a epidemia continua crescendo de forma preocupante entre as adolescentes brasileiras, revelou nesta sexta-feira o coordenador de DST e Aids do Ministério da Saúde, Paulo Roberto Teixeira.De acordo com o último boletim epidemiológico, pela primeira vez o número de casos em mulheres ultrapassou o de homens em uma faixa etária, a de 13 a 19 anos.
Em 2000, foram registrados 191 casos de meninas contaminadas nessa idade contra 151 de meninos. No ano passado, a proporção aumentou. Foram 152 casos em adolescentes do sexo feminino contra 91 casos no sexo masculino. Na faixa etária até 24 anos a proporção de casos continua em um caso masculino para um feminino e, acima disso, continua dois casos em homens para cada caso em mulher.
"A vida sexual das adolescentes está começando mais cedo, por isso elas têm relações mais frequentes. Apesar de um grande número usar preservativo na primeira relação, elas têm os mesmos problema das mulheres mais velhas: tendem a deixar a prevenção quando a relação fica estável e também têm dificuldade de negociar o uso com seus parceiros", disse Teixeira.
O ministério pretende incrementar as ações voltadas para a juventude e fazer mais estudos para saber quais as razões mais específicas da crescente epidemia entre jovens. O coordenador lembrou que 70% das escolas brasileiras hoje fazem trabalho de prevenção, mas o ministério acredita que é necessário ampliar a distribuição de camisinhas para os adolescentes.
A estimativa do ministério é que o número de novos casos de Aids no país fique, este ano, em torno de 14 mil. É uma estimativa semelhante ao número de casos registrados no ano passado, que estão em 13.944, mas devem aumentar um pouco por conta do atraso regular das notificações.
"A epidemia tem mostrado uma clara tendência de regressão. Em 1996 tínhamos 25 mil novos casos. Mas isso não significa que podemos relaxar. Temos ainda muito para fazer, especialmente na prevenção", disse Teixeira.