Os pesquisadores da equipe da Universidade Rene Descartes, em Paris, indicaram no último dia 23 que o estudo sobre um novo uso para a vacina antiaids que usa células especializadas do sistema imunológico como veículo da vacina é promissor. O novo medicamento usa células sanguíneas brancas raras, chamadas células dendríticas, para abrigar o vírus da imunodeficiência dos símios (SIV), semelhante ao vírus da imunodeficiência humana (HIV), desativado. As células dendríticas ativam intensamente o sistema imunológico e estão sendo estudadas por muitos pesquisadores para vacinas e terapias. Os cientistas franceses retiraram células dendríticas de 20 macacos infectados pelo SIV, misturaram-nas em um tubo de ensaio com SIV quimicamente desativado e depois infundiram novamente a mistura nos macacos três vezes, com intervalos de duas semanas.
Os animais tiveram uma forte resposta imunológica, marcada por uma diminuição da contagem do SIV no sangue e no sistema imunológico e um aumento das células CD4, uma medida da saúde do sistema imunológico. A descoberta de que as células dendríticas poderiam ser usadas contra o SIV é "animadora," disse Melissa Pope, especialista em células dendríticas e cientista do Centro de Pesquisa Biomédica do Conselho de População, em Nova York. Pope não estava envolvida no novo estudo.
De acordo com ela, essa é a primeira vez que alguém demonstra que as células podem ser usadas dessa maneira contra o SIV, que é usado como um modelo para o HIV. Pope observou, no entanto, que uma vez que os macacos já estavam infectados pelo SIV, seus sistemas imunológicos estavam preparados para combater o invasor - a vacina levando o material marcado pelo SIV. Também não se sabe por quanto tempo vão durar os efeitos, já que os macacos foram estudados por apenas 34 semanas.
Assim, os cientistas mostraram que sua abordagem pode funcionar como tratamento para macacos - e talvez um dia para pessoas - que já estavam infectados. A pesquisa não responde se a abordagem poderia ser usada para prevenir a infecção. Além disso, com uma vacina que é usada como tratamento para pessoas já infectadas, "há sempre uma preocupação de que o vírus possa voltar mais forte e mais rápido," disse Pope.
De uma forma geral, no entanto, ela afirmou que o estudo é uma boa "comprovação de princípio" que vai encorajar outros a explorar o uso das células dendríticas como vacina antiaids. O artigo foi publicado no web site da revista Nature Medicine.