Cientistas britânicos tentam desenvolver uma droga que imita a ação de uma proteína natural do corpo, o que poderia abrir o caminho para uma nova abordagem de combate ao câncer.Diferentemente dos remédios de quimioterapia, que matam células cancerosas e saudáveis e provocam efeitos colaterais graves, o novo medicamento iria destruir de forma seletiva apenas as estruturas doentes.
O professor Julian Blow, da Universidade de Aberdeen, disse, durante uma conferência médica nesta terça-feira, que o objetivo era imitar o efeito de uma proteína chamada geminin, envolvida na divisão celular.
A geminin controla o processo de cópia do DNA, que ocorre quando a célula se divide. Altas concentrações dessa proteína podem matar as células cancerosas enquanto as saudáveis, por terem um mecanismo de segurança que as protege, continuam vivas.
"Esse mecanismo nunca foi atingido antes contra o câncer. Essa é uma maneira totalmente nova de conduzir o processo", disse Blow.
Quando a equipe testou grandes quantidades da geminin nas células cancerosas do pulmão e dos ossos em estudos laboratoriais, verificou que a proteína causava um tipo de suicídio celular. Já quando as células saudáveis eram expostas à proteína, elas paravam de se dividir mas não eram prejudicadas.
Os pesquisadores acreditam que concentrações elevadas da proteína teriam o mesmo impacto nocivo sobre diferentes tipos de câncer.
"Observamos que as células normais tinham um mecanismo para torná-las completamente resistentes à expressão excessiva da proteína", indicou Blow.
Ele e seus colegas procuram agora compostos que tenham um efeito similar da geminin, que é uma molécula muito grande para ser usada como uma droga anticâncer.
Blow apresentou as descobertas durante o primeiro encontro anual da Cancer Research UK, maior organização independente do mundo que pesquisa o câncer.