Uma falha genética que torna as mulheres mais suscetíveis ao câncer de mama e ovário também aumenta o risco dos homens desenvolverem câncer de próstata, disse uma pesquisadora britânica na quarta-feira.Segundo Ros Eeles, geneticista do Instituto de Pesquisa de Câncer, na Inglaterra, os homens com um defeito hereditário no gene BRCA 2 têm um risco cinco a sete vezes maior de câncer de próstata.
Ela anunciou o projeto de um estudo que deve ser realizado em toda a Europa, envolvendo 500 homens com pelo menos quatro parentes próximas que desenvolveram câncer de mama antes dos 60 anos. Talvez eles tenham herdado a mutação e sejam mais propensos ao câncer de próstata. "Estamos tentando ver se podemos identificar um grupo de homens de alto risco que pode ser submetido a exames", disse Eeles, durante o primeiro encontro anual da organização Cancer Research UK.
Entre os casos de câncer de próstata agressivo e de aparecimento precoce, 40 por cento estão associados a fatores hereditários. Alguns são conseqüência de alterações no gene BRCA 2, explicou a especialista.
O estudo deve começar em dezembro ou janeiro e será um dos primeiros a aplicar exames genéticos para a definição de grupos de risco. "O fundamental nos exames de câncer de próstata é identificar os homens com alto risco para as formas agressivas da enfermidade", explicou Eeles.
A doença é a principal causa de morte por câncer entre homens. Nos Estados Unidos, cerca de 200 mil homens vão desenvolver o tumor e 40 mil morrerão em consequência da enfermidade, somente este ano.
O teste de PSA, ou antígeno específico da próstata, ajuda a detectar sinais iniciais da doença, mas cientistas questionam sua precisão. O exame também não é muito útil para avaliar se o tumor terá um crescimento rápido ou lento. "No momento, esse é o melhor teste que dispomos", disse Eeles.
A doença é mais comum em idosos e atinge poucos homens com menos de 50 anos. Metade dos casos ocorre depois dos 75 anos e normalmente o tratamento é com cirurgia ou radiação. O gene BRCA 2 corrige danos no DNA. Mutações nos genes BRCA 1 e BRCA 2 aumentam o risco de câncer de mama.
A equipe submeterá homens com mutações no BRCA 2 ao exame de PSA, durante cinco anos, e oferecerá biópsias para pacientes com níveis elevados do antígeno. "À medida que o conhecimento genético sobre o câncer aumenta, a pressão por programas de exames crescerá dramaticamente e não será possível examinar todos os homens - precisamos de uma abordagem mais dirigida", acrescentou Eeles.