O álcool pode ser bom para o coração, mas tomar um copo de vinho ou cerveja diariamente pode aumentar o risco da mulher desenvolver câncer de mama, afirmaram pesquisadores nesta terça-feira.Cerca de 10 gramas de álcool por dia elevam as chances de a mulher apresentar a doença em 7 por cento, enquanto o tabagismo, ligado a uma vasta lista de enfermidades, não contribui para o tumor na mama. "Quanto mais a mulher bebe, maior é o risco de câncer de mama", disse a professora Valerie Beral, da Enfermaria Radcliffe em Oxford, Inglaterra.
Os cientistas, que analisaram os resultados de 53 estudos anteriores sobre os efeitos do álcool e do fumo no câncer de mama, estimam que as bebidas alcóolicas sejam responsáveis por em torno de 4 por cento dos casos da doença registrados mundialmente.
Embora o risco não seja grande e represente um item pequeno na lista de fatores que contribuem para a enfermidade, Beral acredita que as mulheres devem ter conhecimento dessa informação, já que esse é um risco evitável.
A cada ano são registrados 40 mil casos de câncer de mama na Grã-Bretanha, mas, segundo a pesquisadora, se as mulheres evitassem bebidas alcóolicas haveria 2 mil casos a menos.
Até então, médicos não tinham conseguido examinar os efeitos separados do álcool e do fumo sobre o câncer de mama. Mas a análise mais recente, que inclui dados de 150 mil mulheres de todo o mundo, permitiu a eles fazer essa triagem para demonstrar uma ligação clara entre o álcool e o risco de câncer de mama.
"Quando realizamos a pesquisa, descobrimos que beber, mas não fumar, elevava o risco do tumor na mama", afirmou Richard Doll, co-autor do estudo publicado no British Journal of Cancer. "Este estudo está nos dando uma resposta definitiva."
Doll enfatizou que, embora o fumo não esteja relacionado a esse tipo de câncer, ele é a principal causa de câncer de pulmão. Os cientistas ainda não sabem o que pode elevar o risco, mas acreditam que o álcool altera os níveis do hormônio estrógeno.
O câncer de mama é o tipo de tumor mais comum entre as mulheres. Puberdade precoce, menopausa tardia, histórico familiar da doença e não ter filhos são algumas das causas. Como o álcool tem um efeito protetor contra doença cardíaca e enfarte, mas um impacto negativo sobre o câncer de mama, Beral apontou que o equilíbrio entre os dois depende da idade da mulher.
Após os 55 anos, as mulheres correm mais risco de morrer vítimas de uma doença cardíaca do que do câncer de mama, então elas se beneficiariam do consumo moderado de álcool.