Desequilíbrios genéticos no DNA detectados por meio de amostras de sangue podem ajudar a identificar o câncer de ovário ainda em seus estágios iniciais de desenvolvimento, sugeriram os resultados preliminares de um estudo.Ainda que as conclusões necessitem de confirmação, fazer exames para detectar a presença dessas anormalidades poderia possibilitar o tratamento precoce da doença, segundo artigo publicado na edição de 20 de novembro do Journal of the National Cancer Institute.
O câncer de ovário é altamente tratável quando diagnosticado no início, mas na maioria dos casos, a doença é detectada já em estágio avançado, diminuindo as chances de sobrevivência.
Como os sintomas - dor abdominal, desconforto, inchaço, problemas intestinais e falta de apetite - podem demorar a se manifestar e há o risco de serem confundidos com outros problemas de saúde, desenvolver um teste confiável é fundamental para melhorar o diagnóstico precoce.
A equipe de Le-Ming Shih, da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore (Maryland), nos EUA, desenvolveu um método para identificar desequilíbrios genéticos no DNA que parecem estar relacionados ao câncer de ovário.
A técnica é chamada de análise digital SNP. Os SNPs (sigla em inglês para polimorfismos simples de nucleotídeo) são variações no material genético do DNA. A análise digital SNP permitiu que os pesquisadores contassem o número de alelos - cópias de cada gene - para identificar desequilíbrios provocados pela perda de pedaços de cromossomos.
Com essa técnica, a equipe avaliou amostras de sangue coletadas de 54 mulheres com câncer de ovário em estágio inicial ou avançado. O teste conseguiu identificar desequilíbrios de alelos em 87 por cento das pacientes com doença em estágio inicial e em 95 por cento das mulheres com câncer avançado. As amostras retiradas de 31 voluntárias saudáveis não apresentaram os desequilíbrios, informou o artigo.
"O teste digital SNP se mostrou muito eficiente na detecção do câncer de ovário", disse Shih à Reuters Health. O pesquisador lembrou que o exame é caro e demorado, o que poderia limitar seu uso generalizado.
A próxima fase será desenvolver um teste clínico para verificar a eficiência do exame em um grupo maior de mulheres, além de desenvolver melhorias - talvez usando automação - que ajudarão a reduzir o custo, explicou Shih.