Uma vacina experimental que previne a infecção por um vírus que causa câncer de colo de útero se mostrou aparentemente 100 por cento eficaz, de acordo com um estudo publicado na edição de quinta-feira do New England Journal of Medicine.A vacina, fabricada pelo laboratório Merck e dada em três doses, bloqueia a infecção pelo papilomavírus do tipo 16, vírus sexualmente transmissível que é responsável pela metade de todos os tumores de colo de útero. A Merck financiou a pesquisa.
Nenhuma de 1.194 mulheres sexualmente ativas que foram atendidas em 16 centros médicos dos Estados Unidos e receberam o imunizante desenvolveu uma infecção persistente do vírus. Mas 3,8 por cento de 1.198 mulheres que receberam injeções placebo ficaram infectadas, informou a equipe liderada por Laura Koutsky, da Universidade de Washington, em Seattle.
Outros fabricantes estão testando vacinas que protegem contra o tipo 16 e outros do papilomavírus humano (HPV) que causam câncer -- tipos 18, 31, 33 e 45. No entanto, alguns médicos disseram que o produto da Merck é o mais promissor.
"Existem diversas vacinas contra o HPV, mas essa é a única que parece ter produzido bons resultados. Como essa vacina foi tão bem nos testes de fase 2, ... em teoria ela poderia chegar ao mercado nos próximos cinco anos", afirmou Anne Szarewski, consultora clínica do grupo Cancer Research UK, em entrevista à Reuters.
Para Christopher Crum, do Hospital Brigham and Women, em Boston, a vacina poderia reduzir drasticamente o risco de câncer de colo de útero. "Se as mulheres forem vacinadas contra esses tipos de HPV antes de iniciarem a vida sexual, poderia haver uma diminuição de pelo menos 85 por cento no risco de câncer".
O câncer de colo de útero atinge 450 mil mulheres em todo o mundo anualmente, causando cerca de 250 mil mortes.
Crum acredita que o custo da vacina provavelmente seria compensado pela economia de não ter de realizar muitos exames de Papanicolaou. Cerca de 50 milhões de exames são realizados apenas nos Estados Unidos todos os anos.
Acredita-se que o exame é responsável pela redução do índice de mortalidade por câncer de colo de útero, embora metade dos tumores detectados nos EUA anualmente apareça em mulheres que fazem o Papanicolaou regularmente.
Estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) indicam que serão registrados no Brasil 17.600 novos casos de câncer de colo de útero este ano, com 4.005 mortes.