Taxas sanguíneas elevadas de leptina, o hormônio da obesidade, podem ser "o elo perdido" entre a obesidade e o aumento do risco de desenvolver câncer de mama, sugere um novo estudo. "Está bem estabelecido que a obesidade e/ou o ganho de peso são fatores de risco para o tumor de mama na pós-menopausa. No entanto, o mecanismo de ação que associa a obesidade a esse aumento de risco não está claro", comentou a coordenadora do estudo, Margot P. Cleary.Muitos especialistas acreditam que os níveis elevados dos hormônios estrogênio e insulina presentes no sangue de pessoas obesas sejam as possíveis ligações entre os dois distúrbios, explicou Cleary, que é pesquisadora do Instituto Hormel, da Universidade de Minnesota, em Austin.
Agora, a equipe de Cleary propõe que a leptina - proteína que o tecido adiposo sintetiza e libera proporcionalmente à quantidade de gordura corporal - represente uma associação mais direta entre a obesidade e o aumento do risco de desenvolver tumor de mama após a menopausa. A equipe de Cleary publicou os resultados dos experimentos, feitos com células cancerosas e tecido mamário saudável, na edição de 20 de novembro do Journal of the National Cancer Institute.
"Nesse estudo, demonstramos que a adição da leptina aumentou tanto a proliferação de linhagens de células de câncer de mama quanto de tecido mamário normal", disse a pesquisadora à Reuters Health. "No entanto, a leptina provocou uma reprodução mais intensa das células de tumor de mama - 150 por cento superior à das células sem leptina - que das células normais, entre as quais se observou uma taxa de proliferação 50 por cento mais elevada."
A equipe identificou ainda a presença do receptor da leptina - uma espécie de pequeno "ancoradouro" da proteína - nessas linhagens celulares e mostrou que vias específicas de sinalização ativadas pela leptina em outros tecidos também estavam acionadas nas células mamárias saudáveis e cancerosas, segundo a pesquisadora. "Esses estudos preliminares oferecem evidências de que a leptina pode ter uma função importante no desenvolvimento do tecido normal da mama e de que os níveis sanguíneos elevados de leptina podem promover o crescimento e o desenvolvimento do tumor de mama", concluiu Cleary.