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  CÂNCER
Bombeiros correm risco mais elevado de desenvolver câncer
Terça, 17 de dezembro de 2002, 17h32

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Os bombeiros parecem apresentar taxas de câncer um pouco mais altas que o restante da população. Esses resultados oferecem evidências adicionais de que a profissão pode colocar riscos para saúde mesmo após a extinção dos incêndios, informaram pesquisadores.

Os cientistas chegaram a essa conclusão após analisar dados de mais de 30 mil bombeiros da Flórida, coletados ao longo de 20 anos. Esse é o maior estudo já realizado com essa população sobre os riscos de desenvolver câncer, disse Fangchao Ma, coordenador da equipe da Universidade de Miami, à Reuters Health.

Segundo Ma, a pesquisa não demonstra que os bombeiros desenvolveram câncer por causa do trabalho. Os dados apontam apenas que o risco de apresentar a enfermidade parece ser um pouco mais elevado para eles do que para a população em geral. Possivelmente, fatores ligados ao estilo de vida sejam responsáveis pela probabilidade aumentada de ter câncer.

A equipe de Ma informou que os bombeiros parecem ser mais suscetíveis que a população da Flórida a desenvolver tumores, principalmente de pele e do sistema respiratório, durante o encontro anual da Associação Americana de Saúde Pública, realizado na Filadélfia.

Os pesquisadores encontraram resultados semelhantes quando combinaram os dados dos trabalhadores que eram bombeiros em tempo integral com os de 30 mil bombeiros voluntários na Flórida.

Estudos anteriores haviam mostrado que os bombeiros apresentam riscos um pouco maiores de desenvolver determinados tipos de tumores - como de cérebro, rim e bexiga. Na pesquisa atual, os bombeiros apresentaram uma probabilidade um pouco superior à média de desenvolver essas enfermidades. Mas as diferenças foram tão pequenas, que poderiam ser resultado do acaso.

Em entrevista à Reuters Health, Ma disse que, em tese, os bombeiros podem ter exposição maior a agentes que provocam o câncer, uma vez que os edifícios são feitos de uma grande variedade de material. Os incêndios queimam esses materiais e os liberam no ar.

A equipe da Universidade de Miami acompanhou a saúde de 35.777 bombeiros, certificados entre 1972 e 1999, na Flórida. O trabalho incluiu uma revisão de dados para verificar se alguém havia morrido por câncer. Durante o período analisado, 364 bombeiros morreram em decorrência do câncer.

Ma explicou que os bombeiros usam equipamentos que os protegem da inalação de fumaça tóxica. No entanto, os aparelhos são muito pesados e muitos bombeiros os tiram quando incêndio está sob controle. Além disso, após a extinção das chamas, eles retornam ao local para verificar se ainda existe fogo e avaliar os danos. "Aí eles ficam expostos", disse Ma.

A redução da probabilidade de os bombeiros inalarem substâncias químicas nocivas exigirá que sejam orientados a usar o equipamento especial para respiração o tempo todo e também o desenvolvimento de aparelhos que sejam mais confortáveis de utilizar, disse Ma.

Reuters Health

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