As doenças cardíacas e os derrames matam 12 milhões de pessoas anualmente, mas os índices podem ser reduzidos se as pessoas sob risco usarem medicamentos preventivos e aspirina, informou a Organização Mundial da Saúde (OMS) na sexta-feira.Na prévia do Relatório de Saúde Mundial de 2002, a OMS também pediu que os países promovam a redução no conteúdo de sal em alimentos processados, dietas com menos gordura, aumento do nível de exercícios e do consumo de frutas e vegetais, além da redução do fumo.
"A prevenção é fundamental para reduzir o ônus de enfartes e derrames sobre a saúde em todo o mundo", declarou a diretora-geral da OMS, Gro Harlem Brundtland.
A hipertensão provoca 50 por cento das doenças cardiovasculares, informou a agência, cujo relatório completo deve ser divulgado em 30 de outubro.
Fumo, hipertensão e colesterol alto - fatores de risco para doenças cardiovasculares bem conhecidos nos países ricos do ocidente - "assumem posição de destaque em países de renda média e começam a aparecer entre os principais riscos nos países em desenvolvimento mais pobres", de acordo com a agência.
A OMS atualizou as estimativas de mortes anuais relacionadas ao fumo, passando de 4,2 milhões para 4,9 milhões, em parte pela melhora nas pesquisas sobre doenças cardiovasculares em países em desenvolvimento como China e Índia.
Uma combinação de drogas para reduzir o colesterol e a pressão sanguínea, além de aspirina, custa 14 dólares por ano, informou a agência.
"Esta combinação poderia reduzir as taxas de morte e incapacidade por doenças cardiovasculares em mais de 50 por cento entre grupos de risco", disse Christopher Murray, conselheiro político da OMS.
"Um número maior de pessoas com risco elevado deveria começar a tomar a combinação, antes de sofrer enfartes ou derrames", disse o especialista.
No geral, as doenças cardiovasculares, como enfarte, derrame e doença cardíaca congênita, provocam 17 milhões de mortes por ano, informou Shanthi Mendis, coordenadora do programa de doenças cardiovasculares da OMS.
"Cerca de 80 por cento das mortes ocorrem em países de baixa e média renda, que gastam entre 15 e 20 dólares per capita em atendimento de saúde e precisam enfrentar este grande ônus sem capacidade para combater a epidemia", disse a especialista.
Apenas um em cada três países tem política para enfrentar o problema e a maioria investe menos em prevenção que no tratamento dos afetados, explicou Mendis.
"São feitos procedimentos muito caros, prejudicando a prevenção em uma população maior que tem um enorme potencial para evitar doenças cardíacas", acrescentou ela.