Um teste de personalidade pode indicar melhor do que os exames tradicionais o risco de doenças cardíacas de um homem, disseram cientistas no domingo, após a descoberta de uma forte associação entre hostilidade e sintomas cardíacos.Os homens que tiveram enfarte, dor no peito ou outros incidentes de doenças cardíacas estavam muito mais propensos a ter uma pontuação alta para hostilidade no teste de personalidade, apontou a equipe da Universidade Brown, Escola de Medicina de Harvard, Universidade de Boston e Administração de Veteranos.
Os pesquisadores analisaram 774 homens, com idade média de 60 anos, e verificaram que 45 pacientes apresentaram uma condição médica ligada ao coração pelo menos uma vez durante três anos de acompanhamento. Hipertensão, níveis totais de colesterol, insulina em jejum, sobrepeso e até tabagismo não predisseram o risco cardíaco de um homem durante os três anos de estudo.
Das medidas fisiológicas, apenas as taxas do colesterol "bom" indicaram com precisão o risco da doença, disse o grupo liderado por Raymond Niaura, do Centro de Medicina Preventiva e Comportamental da Universidade Brown.
A hostilidade, entretanto, medida por um teste-padrão de personalidade, apontou aqueles que desenvolveriam sintomas de doenças cardíacas, relatou o grupo de Niaura na revista Health Psychology, da Associação Americana de Psicologia.
"Além disso, os homens mais velhos com as taxas mais altas de hostilidade eram os que tinham o maior risco de desenvolver doença cardíaca coronariana, independentemente dos efeitos da insulina em jejum, índice de massa corporal, relação cintura-quadril, níveis de triglicérides e pressão sanguínea", afirmaram os pesquisadores.
"A hostilidade pode influenciar comportamentos de saúde que levam a riscos; ela pode estar associada a características sociodemográficas que estão, em parte, ligadas ao risco elevado de doença cardíaca coronariana. E a hostilidade pode estar relacionada a anomalias em estados fisiológicos que levam à aterosclerose."
Os cientistas indicaram que as descobertas não se aplicam às mulheres e a homens mais jovens e sugeriram mais pesquisas. Os homens não-brancos e os com os menores salários estão mais propensos a serem hostis, destacou o estudo.