Os índices de sobrevivência das mulheres portadoras de doenças cardíacas submetidas à angioplastia - procedimento em que os médicos usam um cateter para desobstruir os vasos sanguíneos - são tão elevados quanto os dos homens que passam pelo tratamento, informaram pesquisadores.O estudo pode afastar a preocupação com a possibilidade de as mulheres apresentarem resultados piores após passarem por uma angioplastia ou outros procedimentos para a desobstrução de artérias. A pesquisa avaliou o caso de cerca de 34 mil pacientes, e os resultados mostraram que, após a angioplastia, a necessidade de passar por uma cirurgia cardíaca de emergência e a taxa de enfarte e de morte foram praticamente iguais para ambos os sexos.
Além disso, o índice de cirurgias de emergência necessárias e de enfarte após a angioplastia diminuiu ao longo do estudo, período em que mais pacientes passaram a ser tratados com angioplastia -- mesmo os doentes que se encontravam em condições mais graves que as primeiras pessoas tratadas com a técnica. "Apesar de se fazer a intervenção em uma população de pacientes mais doentes, os resultados dos procedimentos de limpeza de artéria melhoraram, independentemente do sexo," disse David Malenka à Reuters Health.
Os pesquisadores revisaram dados de pacientes internados entre 1994 e 1999 em hospitais norte-americanos para realização de procedimentos de desbloqueio de artérias. De um modo geral, a necessidade de os pacientes passarem por uma cirurgia para o implante de uma ponte cardíaca (CABG, na sigla em inglês), também chamada de operação cardíaca de peito aberto, e a taxa de enfarte caíram ao longo do período. Ao final do estudo, a necessidade de fazer cirurgia de emergência do tipo CABG, em que se faz um grande corte no tórax do paciente, foi de 0,06 por cento para as mulheres e de 0,05 por cento para os homens. A taxa de enfarte foi quase igual entre os dois sexos, informaram os pesquisadores em artigo publicado na edição de 18 de dezembro do Journal of the American College of Cardiology.
O índice de mortalidade não diminuiu durante a pesquisa e permaneceu mais elevada entre as mulheres -- possivelmente porque elas tenderam a estarem mais doentes que os homens quando foram encaminhadas para realizar esses procedimentos.
No entanto, não ficou claro quais foram os motivos da melhora, mas os pesquisadores sugerem que o uso de stents -- estruturas metálicas implantas no interior das artérias durante a angioplastia com a finalidade de manter os vasos abertos -- pode ter sido importante.
"Parece lógico presumir que o uso dos stents permitiu aos cardiologistas lidar melhor com os resultados subótimos e, desse modo, evitar a obstrução aguda, que exigiria uma cirurgia cardíaca de peito aberto", disse Malenka, professor associado da Escola de Medicina Dartmouth, em Lebanon (Estado de New Hampshire).
A melhoria de outros equipamentos, como os cateteres e os balões usados na cirurgia, a disponibilidade de novos aparelhos e de drogas mais eficientes, além da experiência acumulada pelos médicos que participam no estudo, parecem ter contribuído para os resultados, acrescentou o pesquisador.