Medicamentos usados para tratar mães ou bebês tiveram algum papel em cerca de 6.000 casos de efeitos colaterais graves, incluindo 769 mortes, em crianças com menos de 2 anos de idade nos Estados Unidos entre 1997 e 2000, de acordo com uma análise de casos divulgada por autoridades norte-americanas.Quatro medicamentos foram os principais suspeitos de mais de um terço de todas as mortes registradas, informou a Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora de remédios e alimentos dos EUA.
"Os resultados desse estudo destacam a necessidade de outros testes em pacientes pediátricos e maior vigilância no uso de drogas de maior risco e na medicação de gestantes e mulheres que amamentam", afirmaram os cientistas na edição de novembro da revista Pediatrics. No entanto, eles ressaltaram que os relatos não provam que o medicamento foi a causa do efeito colateral ou da morte.
No geral, a equipe identificou 1.902 drogas, substâncias químicas, produtos biológicos, vacinas, remédios de venda livre, vitaminas, minerais, suplementos alimentares e outras substâncias nos relatos. Mas 17 drogas foram associadas a mais da metade dos efeitos colaterais graves ou das mortes em crianças que receberam remédios diretamente. A grande maioria das mortes (84 por cento) ocorreu antes de o bebê completar 1 ano de vida.
Durante a pesquisa, Thomas J. Moore, da Universidade George Washington, em Washington DC, e colegas analisaram mais de 7.000 relatos de reações adversas a drogas em crianças com menos de 2 anos, recebidos pela FDA entre novembro de 1997 e dezembro de 2000. No total, 5.976 relatos correspondiam a casos novos e únicos, que não haviam sido registrados anteriormente.
Eles verificaram que, em 1.432 casos (24 por cento), o medicamento ou produto foi dado à mãe durante a gravidez, o trabalho de parto ou a amamentação. Os efeitos adversos mais comuns nesses casos foram defeitos congênitos ou deficiências na criança.
As dez principais drogas suspeitas de terem causado reações graves e fatais, quando administradas diretamente às crianças, incluíram tratamentos para o vírus sincicial respiratório, antibióticos e analgésicos de venda livre, como paracetamol e ibuprofeno.
A infecção pelo vírus sincicial respiratório é comum e a maioria das pessoas é infectada aos 2 anos. Os sintomas são semelhantes aos de uma gripe, que normalmente melhoram sem tratamento. No entanto, em algumas crianças e adultos com o sistema de defesa enfraquecido ou doença pulmonar, o vírus pode causar pneumonia e outras complicações potencialmente fatais. A infecção pelo vírus é a maior causa de internação entre crianças pequenas.
"As drogas têm muitos benefícios importantes. Mas isso deve alertar os pais de que todos os medicamentos - mesmo aqueles familiares, como paracetamol e ibuprofeno - podem causar efeitos adversos graves", afirmou Moore à Reuters Health.
Morre ressaltou que as descobertas não significam que as crianças não devem receber remédios quando necessário. "A informação desse estudo contribui para um maior equilíbrio de riscos e benefícios que devem ser comparados na decisão sobre o uso de uma droga particular em um paciente particular."
Ele acrescentou que, embora não tenha dados comparando o número de reações adversas e o total de crianças recebendo cada medicamento, as "reações adversas graves ao paracetamol são raras".
O paracetamol foi suspeito em apenas 1,6 por cento de todos os efeitos adversos graves a drogas administradas diretamente.