O mundo parece muito confuso para os recém-nascidos. Mas, à medida que crescem, eles aprendem que o ambiente visualmente caótico contém objetos individuais que os auxiliam a dividir o espaço em partes. Um novo estudo sugere que os bebês usam regras estatísticas para ajudar a separar um objeto estranho de seu território habitual.O autor da pesquisa, Richard N. Aslin, da Universidade de Rochester, no Estado de Nova York, disse à Reuters Health que as novas conclusões sugerem que os bebês acabam aprendendo a identificar as partes que compõem um carro de brinquedo, por exemplo, após ver muitas cenas nas quais um pára-brisa e rodas se combinam.
Já que esse tipo de objeto não está sempre presente sobre tapetes, ou no chão da cozinha, os bebês, em última análise, aprendem a identificar o automóvel porque sempre possui pára-brisa e rodas e não pela superfície sobre a qual está, argumentou o pesquisador.
"Como rodas e pára-brisas sempre combinam, eles formam um conjunto", explicou Aslin. Aslin e Jozsef Fiser, co-autor do estudo e também pesquisador da Universidade de Rochester, relatam seus resultados esta semana na edição antecipada da revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.
Os pesquisadores descobriram que os bebês empregam a técnica estatística de "quais coisas combinam entre si" com mais frequência. Para chegar a essa conclusão, os cientistas realizaram experimentos nos quais mostraram uma série de imagens a crianças de 24 meses de idade. Cada imagem continha um conjunto do que os autores do estudo chamaram de "pares base", ou dois objetos que são sempre colocados juntos no mesmo arranjo.
Além do par base, as imagens também continham uma forma extra, a qual eles denominaram "elemento de ruído", que apareceu em diferentes lugares e em imagens distintas. Foram mostradas aos bebês 16 imagens diferentes, muitas vezes, durante um intervalo de cinco minutos.
Os bebês então olharam para um outro conjunto de imagens contendo dois objetos: ou o mesmo par base, no mesmo exato arranjo, como haviam visto no exercício anterior, ou um outro par de objetos que continha um elemento do par base associado ao elemento de ruído. Aslin e Fiser constataram que as crianças passam uma grande parte do tempo olhando para imagens de pares base do que para outros objetos combinados menos familiares, indicando que entendem a combinação.
Em uma entrevista, Aslin observou que o processo pelo qual os bebês aprendem a entender seu ambiente acontece naturalmente, e os pais não precisam se preocupar em fornecer estímulos extras. Como o experimento demonstrou, mesmo formas simples e não familiares ajudam as crianças a compreender novos padrões e, consequentemente, novas imagens. "Basta que eles tenham qualquer tipo de objeto em seu ambiente", afirmou Aslin.