As mulheres com diabete que engravidam apresentam uma probabilidade maior de ter um bebê com defeitos congênitos que as gestantes sem a doença ou algumas mulheres que desenvolvem diabete durante a gestação, informaram pesquisadores norte-americanos. Os defeitos congênitos mais comuns identificados no estudo afetaram o cérebro, a medula espinhal, o coração e o trato gastrintestinal.Essa descoberta, porém, não significa que todas as mulheres com diabete devem temer pelos bebês que esperam, pois há maneiras de as pacientes diabéticas reduzirem o risco de ter um filho com defeitos congênitos, disse a coordenadora da pesquisa, Jeanne S. Sheffield, do Centro Médico Southwestern da Universidade do Texas, em Dallas. Estudos anteriores mostraram que quanto melhor as mulheres controlam os níveis de açúcar no sangue, menor é a probabilidade de seus bebês apresentarem defeitos ao nascer.
"Se as mulheres com diabete pensam em engravidar, a melhor coisa que podem fazer é manter os níveis de açúcar sob controle", aconselhou Sheffield. Os pesquisadores coletaram informações de todas as pacientes que tiveram bebês no Hospital Parkland, em Dallas, entre janeiro de 1991 e dezembro de 2000. Identificaram as mulheres com diabete e determinaram se elas já tinham a doença antes de engravidar ou se a desenvolveram durante a gestação, quando a enfermidade recebe o nome de diabete gestacional. A equipe considerou a diabete gestacional branda quando as pacientes conseguiam controlar os níveis de glicose (açúcar) apenas por meio de dieta, sem a necessidade de insulina.
Na edição de novembro da revista médica Obstetrics & Gynecology, Sheffield e colaboradores relatam que, das 145.196 mulheres que tiveram bebês durante o período do estudo, 2.687 (quase 2 por cento) tinham diabete. Entre estas pacientes, 410 (0,3 por cento) haviam recebido diagnóstico de diabete antes de engravidar.
No total, 1,5 por cento das mulheres sem diabete teve bebês com malformação congênita, o mesmo ocorreu com 1,2 por cento das grávidas com diabete gestacional branda. Entre as gestantes com diabete severa que revelaram a doença durante a gravidez, 4,8 por cento tiveram bebês com problemas congênitos. Esse índice foi de 6,1 por cento entre as mulheres com diabete pré-existente.
A equipe de Sheffield calcula que as pacientes com diabete pré-existente ou com diabete gestacional severa apresentam uma probabilidade de 3 a 4 vezes maior de ter bebês com defeitos congênitos que as mulheres sem a doença. Em entrevista à Reuters Health, a pesquisadora explicou que o risco de os filhos de diabéticas terem defeitos congênitos decorre dos níveis relativamente elevados de glicose que a mãe apresenta logo antes da concepção e durante os primeiros meses de gravidez.
A especialista disse ainda que, há muito, os médicos sabem que as mulheres com diabete apresentam um risco superior à média de ter bebês com defeitos congênitos. No entanto, o estudo atual se distingue dos anteriores por incluir um número relativamente grande de mulheres tratadas no mesmo ambiente. Além disso, os integrantes de uma mesma equipe realizaram a pesquisa toda, diminuindo o risco de haver influências que gerem resultados confusos, explicou Sheffield. A pesquisadora comentou ainda que mulheres com diabete branda desenvolvida durante a gestação deveriam se sentir encorajadas pelos resultados do estudo. "O risco que elas correm não difere do da população em geral."