O aleitamento materno não evita as cólicas nos recém-nascidos, um desconforto que leva a choros incessantes e inconsoláveis durante as primeiras semanas de vida, apontaram pesquisadores.As cólicas tendem a ser mais fortes durante as seis primeiras semanas de vida e diminuem até o segundo mês. Não há causa conhecida, e estudos chegaram a resultados conflitantes sobre a possibilidade de fatores como o fumo parental e a amamentação elevarem o risco. Acredita-se que o aleitamento materno pode fortalecer a imunidade e aumentar o vínculo entre a mãe e o bebê.
Mas, segundo o novo estudo, não existe nenhuma associação entre a fonte de alimentação do bebê na primeira semana de vida e o desenvolvimento de cólicas nas seis primeiras semanas de vida. Vinte e três por cento dos bebês amamentados no peito tinham cólicas, comparados a 21 por cento dos que receberam apenas leite em pó e 29 por cento dos que receberam a combinação de leite materno e leite em pó.
Os resultados contradizem a teoria de que uma intolerância a uma proteína no leite em pó ou no leite materno seria a causa da cólica e questionam uma mudança na dieta do recém-nascido, de acordo com o médico Tammy J. Clifford, da Universidade de Western Ontario, no Canadá, e sua equipe.
Embora a causa da cólica ainda não tenha sido esclarecida, as descobertas podem reduzir o temor de alguns pais, que se consideram culpados pelo problema dos filhos. "Fornecemos evidências de que os pais não são responsáveis pela cólica dos bebês", disseram os cientistas na edição de novembro de Archives of Pediatrics and Adolescent Medicine.
Os resultados basearam-se em entrevistas com 856 mães cujos filhos nasceram da gestação completa. As participantes responderam questionários na primeira semana após o parto e seis semanas depois do parto. Na sexta semana, em torno de um quarto das mães afirmou que os filhos tinham cólicas ou choravam por pelo menos três horas diárias três dias da semana.
A cólica era mais prevalente entre filhos de mães ansiosas, que beberam álcool seis semanas após o parto ou trabalharam em turno durante a gravidez. As mulheres casadas ou com um parceiro de longa data eram 70 por cento menos propensas a ter um filho com cólicas, disseram os pesquisadores.
"Ainda há muita pesquisa a fazer para melhorar nossa compreensão do processo responsável pela cólica e para minimizar os efeitos potenciais sobre as famílias, principalmente aquelas sob risco elevado de sofrimento pelas circunstâncias financeiras, sociais e médicas abaixo do ideal", concluíram os cientistas.