Pesquisadores canadenses têm boas notícias para dar às mães de bebês que sofrem com a cólica. O choro, que muitas vezes pode parecer interminável, geralmente cessa quando as crianças completam 3 meses. Felizmente, as mães não parecem guardar impacto psicológico provocado pelos gritos intermináveis, geralmente uma experiência frustrante."Essa é uma informação que deve servir de alento às mães de todo o mundo", disse Tammy J. Clifford, diretor do departamento de epidemiologia do Instituto de Pesquisa do Hospital Infantil da Região Leste de Ontario, em Ottawa (Canadá). "É uma notícia maravilhosa." Estima-se que de 5 a 28 por cento dos bebês tenham cólica, geralmente entre a 2a e 6a semanas de vida, observou a equipe. O trabalho foi publicado na edição de dezembro do Archives of Pediatrics and Adolescent Medicine. Não se conhecem as causas ou a cura da cólica, e alguns pesquisadores acreditam que o problema possa fazer parte do desenvolvimento normal de muitos bebês.
No novo estudo, foram avaliados 547 mães e seus filhos. Mais de 85 por cento dos casos de cólica haviam cessado quando os bebês já tinham 3 meses. No caso de 131 bebês que tinham cólica com 6 semanas, momento em que as crises de choro costuma atingir seu pico, apenas 18 ainda manifestavam o problema aos 3 meses. Os pesquisadores definiram a cólica como choro, irritabilidade ou inquietação, com duração de três horas ou mais por dia, ocorrendo em três ou mais dias na semana.
Os resultados basearam-se em questionários enviados pelo correio, respondidos pelas mães quando os bebês tinham 1 semana, 6 semanas, 3 meses e 6 meses. Aos 3 meses, a média geral de duração do choro e de irritação foi de cerca de uma hora por dia - aproximadamente metade do tempo observado quando os bebês tinham 6 semanas de vida.
O fato de ter tido um filho que foi afetado pela cólica nos primeiros meses de vida pareceu não ter repercussão sobre os níveis de depressão ou ansiedade da mãe quando a criança já tinha 6 meses. Naquele momento, a cólica já seria apenas uma lembrança e a mãe já poderia estar envolvida pela satisfação de ver seu bebê engatinhar ou exibir outros aspectos positivos do desenvolvimento, sugeriu Clifford.
"Mães de bebês com cólicas podem ter certeza que não são as únicas a enfrentar o problema e que ele acaba", disse Clifford à Reuters Health. "Se acham que não vão conseguir lidar com o problema, não deveriam ficar envergonhadas em pedir auxílio, solicitando que um familiar, amigo ou vizinho ajude a cuidar da criança."
A maioria das voluntárias era casada, tinha estabilidade financeira e acesso ao sistema de saúde. Por isso, não ficou claro se mulheres desprovidas desses fatores de segurança poderiam enfrentar tão bem a situação, disse Clifford. O choro inconsolável tem sido identificado como um motivo para agressões contra a criança, como sacudir o bebê violentamente.
Em artigo, Ronald G. Barr, da McGill University, em Montreal (Quebec), explicou que as conclusões oferecem informações tranquilizadoras de que o desenlace dos casos envolvendo bebês afetados por cólica e suas mães é positivo, pelo menos nos casos de baixo risco observados no estudo. Ele lembrou que são necessárias mais pesquisas para compreender totalmente a natureza do choro infantil.