Os filhos de mulheres com idade superior a 35 anos apresentam, em geral, um risco mais elevado de morrer após o parto. Uma nova pesquisa mostra, porém, que a perspectiva é bem diferente para os gêmeos.Cientistas norte-americanos demonstraram que os gêmeos filhos de mães com mais de 25 anos - inclusive aquelas na faixa etária dos 40 anos - são mais propensos a sobreviver ao primeiro ano de vida do que os bebês gêmeos de mulheres adolescentes ou com idade próxima aos 20 anos. O risco pareceu existir apenas quando os bebês eram pouco mais velhos e já tinham passado pela fase de recém-nascidos.
Dawn P. Misra, da Universidade de Michigan, em Ann Arbor, disse à Reuters Health que as causas mais comuns de morte de crianças com idade entre 2 e 12 meses são as lesões e a síndrome da morte súbita infantil(SMSI), ambas causas evitáveis. Por exemplo, a taxa de mortalidade por SMSI é menor entre os bebês amamentados e que dormem com as costas para baixo. Os pais podem prevenir a ocorrência de lesões, tornando a casa segura para as crianças. As conclusões do estudo sugerem ainda que, quanto mais idade tem a mãe, mais fácil é adotar estratégias de prevenção.
As razões para a disparidade entre as faixas etárias continuam obscuras, mas podem decorrer de diversos fatores como diferença de escolaridade, de nível de renda e de classe social entre mães mais novas e as mais velhas. Mães jovens geralmente concebem gêmeos de forma espontânea, ao passo que as mães com mais idade são mais propensas a ter gêmeos como resultado de tratamentos de fertilização assistida, procedimento menos acessível a pais jovens com renda mais baixa, disse Misra.
Isso sugere que mães mais velhas poderiam, em geral, ser mais saudáveis que as jovens que têm gravidez múltipla. Indica ainda que a diferença de recursos pode influenciar o desenvolvimento dos bebês. "Mães com mais recursos podem ter mais apoio e serem mais capazes de se engajar nessas estratégias de prevenção", disse Misra. "Embora esses fatores sejam importantes para os bebês de gestação simples, os gêmeos representam um peso muito maior em termos de recursos financeiros, tempo e energia consumidos em procedimentos como amamentação e na adoção de estratégias de proteção na casa."
Misra e Cande V. Ananth chegaram a essas constatações a partir da análise, durante as décadas de 80 e 90, da taxa de mortalidade de gêmeos filhos de mães de diferentes faixas etárias. Os resultados corroboraram os de pesquisas anteriores. No trabalho atual, os pesquisadores verificaram que a taxa de mortalidade de bebês que nasceram em gestação simples foi mais elevada quando as mães tinham menos de 25 anos. Esse índice caiu quando as mulheres tinham de 25 a 30 anos, mas voltou a subir entre as mães com mais de 40 anos, formando uma curva em formato de "U".
Para os gêmeos, o padrão foi um pouco diferente: o risco de morte foi mais elevado entre os filhos de mães jovens, diminuiu quando as mulheres estavam na faixa etária dos 20 anos e caiu mais ainda, de forma constante, com o aumento da idade materna, informaram os autores na edição de dezembro da revista Pediatrics. Em entrevista à Reuters Health, Misra disse esperar que os médicos das mães jovens, grávidas de gêmeos, levem em consideração a idade dessas mulheres e dêem orientações para as mais jovens sobre a síndrome da morte súbita infantil e sobre a prevenção de lesões. "Isso inclui ajudar a mãe a encontrar fontes de apoio para ela e para a família," sugeriu Misra.