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Violência na infância eleva risco de agressão em relação amorosa
Segunda, 16 de dezembro de 2002, 17h11

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As crianças expostas à violência, física ou psicológica, no relacionamento com irmãos são muito mais propensas a se envolver em relações amorosas violentas, mostrou um novo estudo. "Quanto maior a exposição à violência, maior a probabilidade" de uma pessoa experimentar relações amorosas violentas, disse Virginia Noland, coordenadora da equipe da Universidade da Flórida, em Gainesville, à Reuters Health.

A maioria dos irmãos e a maior parte dos casais brigam. No entanto, nem todos os conflitos são prejudiciais, observou Noland. Pode se caracterizar a violência por um padrão crônico de agressões físicas ou verbais, embora nem todas as formas de violência necessariamente tenham de se manifestar ao longo dos anos, explicou a pesquisadora. Noland sugere que os pais intervenham nas disputas entre irmãos toda vez que as brigas por motivos tolos se agravem.

"A maioria dos irmãos tem conflitos", acrescentou Noland. "É parte da natureza dessas relações, mas, em algumas famílias, a violência é muito grave." Interromper a violência entre irmãos tão logo ela inicie pode gerar um impacto positivo e duradouro na vida das crianças, observou a pesquisadora. "Quem tem irmãos violentos deve começar a procurar técnicas de administrar a raiva, pois essa pessoa pode protagonizar violências posteriores," disse Noland.

A equipe da pesquisadora chegou a esses resultados após entrevistar 538 estudantes universitários e perguntar-lhes sobre a ocorrência de violência (causada ou sofrida por eles) no relacionamento com irmãos - cerca de 9 de cada 10 entrevistados tinham pelo menos um irmão. Os cientistas também perguntaram aos voluntários da pesquisa, que tinham idade entre 10 e 14 anos, se haviam passado por experiências violentas com namorados nos 12 meses anteriores ao estudo.

As perguntas tinham por objetivo avaliar o grau de violência nas duas relações e verificar se os adolescentes utilizavam objetos que pudessem causar ferimentos físicos, como facas ou armas, se usavam agressão física - como empurrar a outra pessoa contra a parede ou tentar estrangular - ou agressão psicológica (chamar de "gordo" ou "feio").

A equipe constatou que os estudantes mais agressivos com os irmãos foram um pouco mais propensos a apresentar níveis elevados de violência nas relações amorosas.

Os pesquisadores verificaram ainda que os irmãos eram mais violentos quando os pais brigavam entre si ou eram violentos com os filhos. A agressividade foi maior entre irmãos que entre irmãs. Além disso, os níveis de violência pareceram aumentar com a redução da diferença de idade entre os irmãos. A equipe apresentou o trabalho no encontro anual da Associação Americana de Saúde de Pública, realizado na Filadélfia.

Segundo Noland, são necessárias novas pesquisas para compreender o impacto global da violência entre irmãos na vida da criança. Esses trabalhos poderiam revelar muito sobre muitas pessoas. Poderiam, por exemplo, permitir descobrir se as crianças mais violentas com os irmãos são mais propensas a brigar na escola, comentou a pesquisadora. "A relação entre irmãos é muito importante e afeta muitas pessoas", disse a especialista.

Reuters Health

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