Álcool e violência representam um perigo imediato à saúde maior do que as drogas, quando se fala em jovens que freqüentam casas noturnas, disseram pesquisadores na terça-feira.Drogas como ecstasy, cocaína e heroína são um grave problema em casas noturnas, mas agressões movidas a álcool são as principais razões que levam os jovens a procurar atendimento hospitalar. "Existe uma percepção de que as boates estão ligadas a drogas e libertinagem. Mas elas ainda estão associadas, antes de tudo, à bebida", disse Chris Luke, do Hospital Universitário Cork, na Irlanda.
Apesar do glamour, da atmosfera high tech e das drogas sintéticas, as casas noturnas são desde sempre uma atividade movida a muito álcool e tudo que é relacionado à bebida, de acordo com o especialista em emergência.
"Os problemas que exigem atenção hospitalar são aqueles que resultam de violência movida a álcool e intoxicação por álcool combinado com drogas", explicou ele à Reuters. "Para cada problema com drogas tratado em hospital, existem cinco a dez problemas com álcool."
Segundo Luke, que trabalhou em prontos-socorros na Inglaterra, Escócia, Irlanda e Austrália, o problema é o mesmo em todo os países ocidentais. "As boates são a principal arena ou plataforma da cultura jovem. Elas reúnem todas as questões, saúde sexual, drogas, bebidas e ordem pública."
Apenas na Grã-Bretanha, cerca de 16 milhões de pessoas vão a casas noturnas pelo menos uma vez ao ano. Luke e colegas analisaram os tipos de lesões tratados em frequentadores de boates em um grande hospital de Liverpool, na Inglaterra.
Cerca de 800 foram atendidos durante o período de 12 meses de estudo, e o álcool foi o fator mais comum associado às lesões. Quase 60 por cento dos problemas ocorreram devido a agressões, sendo que 10 por cento delas foram causadas por equipes de segurança das boates.
Um em cinco freqüentadores de boate foi atacado com garrafas de vidro. Os acidentes incluíram quedas de palcos, janelas e escadas. "Atendemos tudo - fraturas, rostos muito feridos por vidro, cortes graves nos dedos e pés", afirmou Luke, cujo estudo está publicado no Emergency Medicine Journal.
"É cada vez mais comum ver meninas jovens, tanto vítimas quanto agressoras, (em casos) de violência envolvendo vidro no rosto", acrescentou ele. Os problemas com drogas tendem a ser um caso mais limitado, sem contar tragédias ocasionais, como uma morte por ecstasy. Os freqüentadores de boates também estão mais propensos a tomar duas ou mais drogas, assim como álcool, de acordo com Luke.
"O ecstasy foi a droga dos anos 90 e ainda é considerado problemático, mas a cocaína é a onda crescente que estamos observando. A cocaína está ligada à morte súbita por enfarte e derrame, mas também à violência", afirmou.