Um novo estudo com adolescentes norte-americanos que estudavam em escolas públicas urbanas revelou que os que passam mais tempo sem a presença de um adulto são mais propensos a fazer sexo e a contrair doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).A médica Deborah A. Cohen, da Corporação Rand, em Santa Monica, Califórnia, e sua equipe verificaram que 80 por cento dos adolescentes que passavam pelo menos 30 horas semanais sem a companhia de um adulto eram sexualmente ativos, diferentemente dos 68 por cento que passavam apenas cinco horas semanais sem um adulto por perto.
"Muitos jovens ficam em casa sozinhos por um longo período de tempo", disse Cohen à Reuters Health. "E eles aproveitam esse tempo para ter um comportamento de risco."
De acordo com Cohen e seu grupo, 91 por cento dos adolescentes que contaram ter feito sexo disseram que isso aconteceu pela última vez em casa, tanto na deles quanto na do parceiro. Os meninos que passavam mais de cinco horas semanais depois da aula sem a presença de um adulto eram duas vezes mais propensos a terem clamídia ou gonorréia.
Fazer sexo quando se é adolescente "não significa estar livre de riscos", apontou Cohen. "Eles estão contraindo doenças devido a esse comportamento."
Uma boa maneira de reduzir a freqüência de sexo entre os jovens, e potencialmente o risco à saúde deles, é diminuir o número de horas que passam sozinhos, apontou Cohen. A maioria dos pais tem que trabalhar, disse ela, mas as escolas e os governos locais poderiam - sem gastar muito - realizar atividades extracurriculares para manter os jovens ocupados, "fazendo com que os interesses deles sejam desviados para algo mais apropriado ao seu desenvolvimento".
Cohen e sua equipe chegaram a esses resultados ao aplicarem questionários a 1.065 meninos e 969 meninas que estudavam em seis escolas de ensino médio em uma área urbana. Os cientistas perguntaram aos adolescentes quando e onde fizeram sexo e realizaram testes para clamídia e gonorréia. A grande maioria dos estudantes era afro-americano.
Os pesquisadores apontaram que grande parte dos jovens que faziam sexo disseram que a última vez aconteceu durante a semana. Apenas 59 por cento das garotas que relataram participação em programas extracurriculares na escola eram sexualmente ativas, comparado a 71 por cento das que não se envolviam com atividades após as aulas.
Os jovens que viviam apenas com um dos pais não pareceram passar mais tempo sozinhos do que outros estudantes que viviam com ambos os pais, segundo a pesquisa publicada na edição online de dezembro da revista Pediatrics.
Embora os resultados sugiram que os jovens precisem de mais informações de como se proteger durante as relações sexuais, Cohen acredita que a presença de um adulto também pode ter um grande impacto sobre quantas vezes os adolescentes têm relações sexuais - com segurança ou não. "Acho que muita atividade sexual é oportunista. Se eles têm menos oportunidades, eles vão correr menos riscos."