Homens idosos que não são casados tendem a submeter-se menos freqüentemente a exames preventivos, informou um novo estudo que envolveu voluntários com mais de 65 anos no Reino Unido.Como o número de solteiros que vivem sozinhos deve mais do que duplicar até 2021, segundo o censo britânico de 2002, o problema pode ter conseqüências para a saúde pública no país, explicou Kate Davidson, ao apresentar o trabalho na Gerontological Society of America, no sábado.
Para avaliar a associação entre casamento e saúde, Davidson e Tom Daly, da Universidade de Surrey, em Guilford (Inglaterra), analisaram três bancos de dados nacionais e entrevistaram 85 homens com mais de 65 anos.
Eles verificaram que os voluntários divorciados ou que nunca haviam sido casados eram menos propensos a fazer exames rotineiramente para controlar os níveis de colesterol e a hipertensão. Os divorciados e solteiros também relataram piores condições de saúde física e mental, tenderam mais a fumar e a beber em excesso (consumir mais de 22 doses de bebida alcoólica por semana).
Não que os homens casados fossem mais bem informados, explicou Davis à Reuters Health, mas costumavam colocar o conhecimento em prática. Quase metade de todos os voluntários, "sabia o que era considerado boa saúde", disse a especialista. Por exemplo, sabiam qual é o limite semanal recomendado para o consumo de álcool, conheciam os malefícios do fumo, compreendiam o que significa "boa dieta" e tinham consciência de que precisavam fazer exercícios.
Para Davidson, o estado geral de saúde, ou pelo menos a sua percepção, era melhor porque a esposa "força o marido" a se submeter aos exames de rotina.
Davidson explicou que as mulheres vão rotineiramente ao médico - para fazer planejamento familiar, durante a gestação ou para levar os filhos ao pediatra - mas os homens analisados pareceram considerar passar por consultas médicas um "sinal de fraqueza".
Eles não querem "dar o braço a torcer", observou a pesquisadora ao acrescentar que mesmo homens que usam medicamentos regularmente para hipertensão ou problemas respiratórios não querem admitir consultar um médico. Além desses homens, denominados pela pesquisadora de "estóicos", ela entrevistou um número maior de "céticos", que consideram os médicos charlatões.
Um dos entrevistados disse que preferia "ir a um veterinário". Outro comparou a confiabilidade do diagnóstico às previsões de um meteorologista.
Evitar o médico pode tornar-se um círculo vicioso, alertou Davidson. Esses homens idosos postergam a consulta até ficarem doentes. Dessa forma, associam o médico a coisas negativas, pois o consultam apenas quando têm dor ou para receber más notícias, por exemplo, sobre a próstata.
Podem ficar muito envergonhados para passar por um exame de toque retal, observou Davidson. "Mas o câncer de próstata é uma das formas mais tratáveis se for detectado precocemente."
A pesquisadora disse à Reuters Health que a "mentalidade de avestruz" não está restrita aos idosos. Pelo contrário, todas as gerações de homens tendem a "enfiar a cabeça em um buraco", avaliou a especialista. "A negligência é potencialmente desastrosa em homens mais velhos, mais propensos a sofrer as consequências", acrescentou Davidson.