Homens de meia-idade afetados por um distúrbio que os coloca sob elevado risco de desenvolver diabete e doença cardíaca parecem ter uma probabilidade bastante alta de morrer por qualquer causa, sugere uma nova pesquisa.Ao avaliar um grupo de aproximadamente 1,2 mil finlandeses com idade entre 42 e 60 anos, pesquisadores constataram que quem sofria da talsíndrome metabólica apresentou uma propensão de três a quatro vezes maior de morrer por doença coronariana ou outra enfermidade cardiovascular. Essas pessoas também mostraram uma tendência duas vezes mais elevada de morrer por qualquer causa durante os 11 anos de duração do estudo.
O distúrbio metabólico, também conhecido como síndrome de resistência à insulina, caracteriza-se pela redução da capacidade de metabolizar o açúcar no sangue e de utilizar a insulina, hormônio que regula as taxas sanguíneas de glicose. O portador da síndrome, que geralmente precede o surgimento da diabete tipo 2 e está associada à obesidade, também apresenta hipertensão e níveis elevados de um determinado tipo de gordura (triglicerídios) no sangue.
A síndrome metabólica parece resultar da soma de vários fatores - inclusive genéticos -, mas o estado de saúde geral parece influenciar, explicou Hanna-Maaria Lakka, da Universidade Estadual de Louisiana, em Baton Rouge.
Em função da crescente epidemia de obesidade nos Estados Unidos e do sedentarismo, "a síndrome metabólica vem se tornando bastante comum", afirmou a pesquisadora.
Estima-se que um terço dos homens e das mulheres de meia-idade nos Estados Unidos apresente a síndrome metabólica. Além disso, a obesidade vem aumentando na Finlândia assim como em muitos outros países, observou a equipe de Lakka na edição de 4 de dezembro do Journal of the American Medical Association.
Apesar dessa tendência, evidências sugerem que mesmo esforços modestos para aumentar o nível de exercício e ter uma dieta saudável podem diminuir o risco de desenvolver a síndrome ou reduzir seu impacto sobre a saúde após o diagnóstico, disse Lakka.
"A identificação e o tratamento precoce e a prevenção da síndrome metabólica e de suas conseqüências são o principal desafio para os médicos e os formuladores de políticas de saúde que pretendem enfrentar a epidemia de excesso de peso e sedentarismo", avaliou a equipe.
Embora os pesquisadores já soubessem que pessoas afetadas pela síndrome metabólica apresentam uma probabilidade relativamente elevada de desenvolver diabete tipo 2 e doença cardiovascular, o risco geral de morte não era conhecido.
No estudo, a equipe de Lakka acompanhou um grupo de 1.209 homens finlandeses que, no início do trabalho, não tinham doença cardiovascular, câncer nem diabetes.
Os pesquisadores verificaram, porém, que entre 9 por cento e 14 por cento dos voluntários tinham a síndrome metabólica. Durante o estudo, 109 morreram e o risco de morte por doença coronariana, doença cardiovascular e outra causa foi mais elevado entre as vítimas do distúrbio metabólico.
O aumento do risco permaneceu mesmo após se levar em consideração outros fatores como tabagismo e história familiar de doença cardíaca, observaram os autores.