A exposição diária a um ingrediente químico utilizado para preservar muitos cosméticos e amaciar plásticos, como aqueles usados em brinquedos de bebês, pode afetar os espermatozóides de homens adultos, de acordo com um estudo publicado na segunda-feira.Em uma das primeiras pesquisas a avaliar os efeitos em humanos do ingrediente químico, chamado ftalato, cientistas descobriram sinais de correlação entre a exposição à substância e os danos no DNA de espermatozóides humanos.
A pesquisa, publicada na revista Environmental Health Perspectives, não revela se esse dano no DNA poderia causar algum problema reprodutivo, ressaltou a equipe da Universidade de Harvard.
No mês passado, o painel de Revisão de Ingrediente Cosmético dos Estados Unidos, uma organização patrocinada pela indústria, provocou a ira de grupos de saúde e meio ambiente quando aprovou o uso continuado de três ftalatos em perfumes e produtos de beleza. De acordo com a comissão, as substâncias químicas são seguras para esses usos.
Os ftalatos, usados para aumentar a fixação de fragrâncias e para amaciar plásticos, foram associados em estudos anteriores a defeitos congênitos em animais. No entanto, não há evidências comprovando que as substâncias são prejudiciais a humanos.
De acordo com o Conselho Americano de Química, os ftalatos são seguros. E até agora o governo dos EUA recusou-se a limitar seu uso. A União Européia proibiu seu uso em alguns produtos, como brinquedos de bebês, em 1999.
A pesquisa, realizada em uma clínica de fertilidade de Massachusetts, analisou amostras de urina e sêmen de 168 homens com níveis médios de exposição a dietil ftalatos pelo uso de produtos cosméticos e plásticos.
Russ Hauser, professor da Escola de Saúde Pública de Harvard e co-autor do estudo, disse que os resultados preliminares indicam que a exposição a esses ftalatos estava associada a um maior dano no DNA dos espermatozóides. Mas ele ressaltou que ainda é muito cedo para dizer quão grave é a lesão.
Hauser e sua equipe pretendem ampliar a pesquisa e incluir entre 700 e 800 homens, a fim de confirmar os resultados e cruzá-los com descobertas de outros estudos avaliando fatores como taxas de sucesso de gravidez.
"Esse estudo revela resultados preliminares com um número relativamente pequeno de homens", disse Hauser. "Nosso próximo passo é expandir a pesquisa e repetir a análise."