Os homens que emagrecem e, em seguida, voltam a engordar podem se frustrar com o resultado das dietas. Mas, ao menos, não correm um risco mais elevado de morrer em decorrência de doenças associadas à essa variação de peso, também conhecida como "efeito sanfona", segundo um novo estudo.Os resultados do trabalho atual contrariam os obtidos em pesquisas anteriores, que sugeriram que a flutuação de peso aumentasse o risco de morte por doença cardíaca e outras causas. Nos últimos anos, estas conclusões haviam levantado a suspeita de que as tentativas de perder peso pudessem ser nocivas para os adultos mais velhos.
O estudo atual mostra, porém, que a flutuação cíclica de peso não é um fator de risco para a morte entre os homens saudáveis.
"Nossos resultados sugerem que o aumento do risco de morte associado à perda de peso e à variação cíclica do peso é determinado em grande medida por fatores ligados ao estilo de vida e por doenças preexistentes", disse S. Goya Wannamethee, da Royal Free e do University College, em Londres.
"Não há evidências claras de que a flutuação de peso em si seja prejudicial", acrescentou o pesquisador.
A equipe de Wannamethee chegou a esses resultados a partir de informações fornecidas por 5.600 homens de meia-idade atendidos por clínicos gerais em 24 cidades britânicas. Os pesquisadores registraram as alterações de peso dos voluntários durante um período que variou de 12 a 14 anos e as taxas de morte nos oito anos seguintes.
Os homens saudáveis que apresentaram variação de peso durante o estudo não foram mais propensos a morrer que os pacientes com peso estável, segundo artigo publicado na edição de 9/23 de dezembro da revista Archives of Internal Medicine.
Já os voluntários portadores de doenças preexistentes, como câncer ou problemas cardíacos, mostraram uma propensão 50 por cento maior a morrer quando apresentavam variações cíclicas de peso. Ao levar em consideração as doenças preexistentes, os cientistas viram que não houve relação entre a variação do peso e a morte.
Esses resultados corroboram a idéia de que emagrecer é importante, principalmente, para os homens obesos ou com sobrepeso. O excesso de peso aumenta o risco de ocorrência de vários problemas de saúde, como hipertensão, doença cardíaca, diabete e derrame.
"Essas conclusões têm importantes implicações clínicas e de saúde pública. Para os homens obesos ou com excesso de peso, deveriam servir como um reforço da idéia de que o emagrecimento intencional ou mesmo a variação do peso na meia-idade ou na velhice não são prejudiciais", disse Wannamethee.
Os homens que engordaram até 15% do próprio peso durante os 12 a 14 anos seguintes também não apresentaram aumento no risco de morte. Já aqueles que fumavam havia muito tempo e emagreceram foram mais propensos a morrer por todas as causas. Esses voluntários, no entanto, já apresentavam a tendência de estarem doentes.
Os homens que pararam de fumar a partir do exame inicial e apresentaram flutuação de peso também foram mais propensos a morrer, em geral, por doenças cardíacas, informaram os pesquisadores.
"O padrão de mortalidade dos ex-fumantes que largaram o vício recentemente é um reflexo da elevada prevalência de doenças preexistentes nesse grupo", explicou a equipe.
Mais da metade desses voluntários tinha diagnóstico de doença cardíaca ou de câncer ou apresentavam condições de saúde ruins.