Dois estudos com 20 anos de duração, realizados com mulheres com câncer de mama, confirmaram que a cirurgia menos radical é tão eficaz quanto a retirada total da mama, no caso do tratamento de pequenos tumores, informaram pesquisadores na quarta-feira.Os resultados confirmaram os dados obtidos nas décadas de 70 e 80. Eles demonstraram que a mastectomia -- cirurgia drástica e deformadora -- geralmente é desnecessária no tratamento do câncer de mama, principal forma de câncer entre as norte-americanas e superado apenas pelo câncer de pulmão como principal causa de morte por câncer entre as mulheres.
Alguns médicos previam que, ao longo do tempo, o tratamento menos radical mataria mais mulheres. Esta pode ser uma explicação para o fato de 29 por cento das candidatas a um tratamento conservador da mama não foram informadas sobre esta possibilidade por seus médicos.
"É hora de declarar o caso contra a terapia conservadora como encerrado e dirigir nossos esforços a novas estratégias para prevenção e cura do câncer de mama", disse Monica Morrow, da Universidade Northwestern, em Chicago, em editorial do New England Journal of Medicine, que publicou as duas pesquisas.
Em um dos estudos, a equipe verificou que 1.851 mulheres com tumores com menos de 4 centímetros (cm) de diâmetro tiveram a mesma chance de sobreviver após 20 anos -- com ou sem o câncer -, independentemente de terem removido a mama ou recebido um tratamento menos radical chamado lumpectomia.
Em uma pesquisa menor, realizada na Itália, os médicos retiraram uma área um pouco maior que a remoção usual da mama feita na lumpectomia e compararam apenas mulheres com tumores de até 2 cm.
A taxa de mortalidade por câncer de mama em 20 anos foi de 24,3 por cento para 349 mulheres submetidas à mastectomia, em comparação a 26,1 por cento para 352 submetidas à cirurgia menos radical. A diferença não foi estatisticamente significativa.
"A cirurgia conservadora é o tratamento de escolha para mulheres com câncer de mama relativamente pequeno", disse o médico Umberto Veronesi, do Instituto Europeu de Oncologia, em Milão.