Os médicos não devem recomendar às pacientes a terapia de reposição hormonal (TRH) à base dos hormônios estrógeno e progesterona para prevenir doenças cardíacas, osteoporose e outras enfermidades crônicas que afetam as mulheres após a menopausa, aconselhou esta semana a Força Tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos (USPSTF, na sigla em inglês).A USPSTF é um grupo de especialistas em saúde do setor privado reunido pelo Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos. Seus membros revisam o estado do conhecimento sobre várias técnicas de medicina preventiva e fazem recomendações sobre a aplicação dessas técnicas.
O grupo comentou que a TRH produz efeitos benéficos como o aumento da densidade mineral óssea e a redução do risco de fraturas e de câncer de cólon e reto. No entanto, essa ação benéfica não supera os efeitos prejudiciais do tratamento, que incluem aumento do risco de câncer de mama, de formação de coágulos sanguíneos, de doença cardíaca e derrame, segundo a USPSTF. Na verdade, "para a maioria das mulheres, os efeitos nocivos do estrogênio e da progesterona provavelmente excedem a ação preventiva contra doenças crônicas", segundo o relatório da força tarefa.
Na melhor das hipóteses, o aumento do risco de efeitos colaterais associados à TRH é moderado. Por esse motivo, os médicos devem levar em consideração as preferências pessoais de cada paciente e as características específicas que as colocam em risco de desenvolver determinadas doenças antes de recomendar a reposição hormonal. Em alguns casos, as mulheres podem inclusive decidir que os benefícios da TRH superam os riscos, relata a força tarefa.
O grupo também aconselhou aos médicos discutir com as pacientes outras estratégias, como a realização de exames regularmente, para prevenir a osteoporose e as fraturas. Mas não indicou se as mulheres devem ou não continuar usando a TRH para combater as ondas de calor, as alterações do humor, os distúrbios do sono e outros sintomas da menopausa.
"A decisão de iniciar ou de continuar a reposição hormonal para tratar os sintomas da menopausa deve se basear em discussões entre a paciente e o seu médico", indica o relatório. Por fim, a força tarefa disse que são necessárias mais evidências antes de decidir recomendar ou não o uso de estrogênio - sem a progesterona - para evitar doenças crônicas em mulheres na pós-menopausa que se submeteram à histerectomia (retirada do útero).
Pesquisas anteriores detectaram efeitos tanto benéficos quanto nocivos associados ao uso de estrogênio pelas mulheres, que incluem a diminuição do risco de desenvolver câncer de cólon e reto e o aumento da probabilidade de ter derrame. No entanto, segundo os especialistas da USPSTF, esses estudos ainda são insuficientes para determinar se os benefícios superam os riscos.
As recomendações da força tarefa estão disponíveis na Internet no endereço https://www.acponline.org/journals/annals/hrt.htm . Elas serão publicadas na edição de 19 de novembro dos Annals of Internal Medicine.