Cientistas britânicos interromperam nesta quarta-feira um estudo sobre os riscos e benefícios a longo prazo do uso da terapia de reposição hormonal (TRH), citando razões éticas e científicas.A decisão do Conselho de Pesquisa Médica do governo britânico (MRC) se deu três meses depois de médicos norte-americanos suspenderem uma pesquisa sobre a terapia hormonal, após descobrirem que o remédio pode aumentar o risco de câncer de mama, derrame e coágulos sanguíneos.
A Grã-Bretanha decidiu na época continuar com seu estudo. Mas disse que não recrutaria mais mulheres e nomeou um Comitê Independente Internacional (IIC) de conselheiros para revisar os resultados norte-americanos e de outra pesquisa sobre a TRH.
O comitê aconselhou o MRC a interromper a pesquisa, que envolvia 5.700 mulheres, e as razões para a interrupção incluem fatores de segurança e ética.
Milhões de mulheres em todo o mundo seguem a TRH para aliviar os sintomas da menopausa.
"Não temos preocupações com a segurança de mulheres envolvidas no estudo", disse Philip Hannaford, integrante do IIC e professor da Universidade de Aberdeen, na Escócia.
Os especialistas também disseram que a contribuição do estudo britânico para a saúde da mulher provavelmente não seria tão útil quanto imaginado antes.
"As mulheres usando a TRH ou envolvidas no estudo devem procurar aconselhamento médico antes de decidir alterar a medicação atual", acrescentou Hannaford.
DOENÇA CARDÍACA
O professor Ray Fitzpatrick, da Universidade de Oxford e presidente do IIC, afirmou que há fortes evidências de que usar a TRH por muitos anos eleva o risco de algumas enfermidades, como câncer de mama, mas reduz o risco de outras, como a osteoporose.
"No entanto, não há evidências de que a TRH protege as mulheres de doenças cardiovasculares e o tratamento pode até mesmo elevar esse risco a curto prazo", destacou ele.
A Fundação Britânica do Coração repetiu as preocupações do IIC.
"Este estudo é outra confirmação de nosso entendimento de provas recentes de que a TRH não deve ser prescrita com o objetivo de reduzir o risco de doença cardíaca coronariana", afirmou Belinda Linden, presidente do Departamento de Informação Médica da fundação.