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Estudo liga analgésicos a risco maior de hipertensão
Segunda, 28 de outubro de 2002, 20h39

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As mulheres que usam determinados analgésicos com freqüência parecem ter um risco maior do que a média de desenvolver hipertensão, indica um novo estudo.

A equipe de Gary C. Curhan, da Escola de Medicina de Harvard, em Boston (Massachusetts), verificou que mulheres entre 31 e 50 anos que usam antiinflamatórios não esteróides (NSAIDs) como ibuprofeno (Motrin) e naproxeno (Aleve) por pelo menos 22 dias por mês parecem estar 86 por cento mais propensas à hipertensão.

Os pesquisadores também verificaram que as usuárias frequentes de paracetamol (Tylenol) poderiam ter um risco duas vezes maior de hipertensão.

O risco do distúrbio pode aumentar com esses analgésicos, mas isso não significa que as mulheres não deveriam usá-los, alertou Curhan. Os analgésicos podem melhorar de forma significativa a qualidade de vida de alguns pacientes e nem todos os usuários freqüentes desenvolverão hipertensão, observou o pesquisador.

"Se as pessoas têm dor crônica e precisam de analgésicos, aconselharia o uso", declarou Curhan. "Nem todos os usuários ficam hipertensos", acrescentou o pesquisador.

A equipe descobriu o vínculo ao observar 80.020 mulheres inicialmente sem hipertensão. No início do estudo, as voluntárias indicaram a freqüência e o tipo de analgésico que usavam. Os pesquisadores entraram em contato novamente com as mulheres dois anos depois e avaliaram quantas desenvolveram hipertensão.

Eles descobriram que mais da metade das voluntárias usava aspirina, e cerca de três quartos disseram que tomavam NSAIDs ou paracetamol. Quando a equipe comparou o uso de analgésico ao risco de hipertensão, verificou que usuárias frequentes de NSAIDs ou paracetamol - mas não aspirina - estavam mais propensas à hipertensão.

A relação entre uso de analgésico e hipertensão persistiu mesmo quando a equipe desconsiderou a influência de fatores que poderiam provocar problemas de dor prolongada e hipertensão, como obesidade e artrite reumatóide.

O trabalho foi publicado na edição de 28 de outubro de Archives of Internal Medicine.

Curhan disse à Reuters Health que esse é o primeiro estudo a demonstrar que o uso de analgésico pode estar associado à hipertensão, de modo que outras pesquisas devem confirmar esses resultados. Segundo ele, biologicamente, faz sentido a hipótese de NSAIDs e paracetamol aumentarem a pressão sanguínea de usuários frequentes ao longo do tempo.

Pesquisas anteriores demonstraram que esses medicamentos podem bloquear a produção de prostaglandinas, substâncias que dilatam os vasos. Com menos prostaglandinas, os vasos ficam estreitos e podem provocar hipertensão, explicou Curhan.

O estudo verificou uma associação entre analgésicos e hipertensão, mas não demonstrou que um seja a causa do outro, observaram os pesquisadores. Mesmo que os autores tenham tentado considerar a influência de outros fatores capazes de provocar uso de analgésico e hipertensão, um terceiro fator ainda não identificado poderia ser o responsável pelos resultados, admitiu Curhan.

O pesquisador sugeriu que usuários frequentes de analgésicos monitorem a pressão anualmente para que, no caso de surgir a hipertensão, os médicos tratem o problema rapidamente.

"Se pudermos fazer algo precocemente, poderíamos obter benefícios de longo prazo", observou o pesquisador.

Reuters Health

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