As mulheres que passam ao menos dois anos de suas vidas amamentando os filhos apresentam uma probabilidade menor de desenvolver artrite reumatóide que as mães que alimentam os bebês ao seio por 3 meses ou menos, mostram os resultados de um novo estudo. "Sabíamos que o aleitamento era bom para os bebês", disse Elizabeth W. Karlson, do Brigham and Women's Hospital, em Boston (Estado de Massachusetts), à Reuters Health. "O estudo atual sugere que a amamentação também é benéfica para a mãe."
A artrite reumatóide surge quando o sistema imunológico, por razões desconhecidas, agride por engano as articulações, provocando inflamação, inchaço e dor. Com o tempo, esse processo desgasta os ossos e os tecidos moles no interior das juntas. A doença ocorre com mais frequência entre as mulheres que entre os homens, e estudos anteriores sugerem que alguns fatores hormonais podem estar associados ao aumento do risco de desenvolver a enfermidade.
Karlson e sua equipe investigaram essa ligação numa pesquisa feita com 80 mil mulheres de 11 estados norte-americanos que participaram entre 1976 e 2000 do Estudo de Saúde das Enfermeiras, ainda em andamento. Os pesquisadores avaliaram a influência de vários fatores de risco hormonais e reprodutivos, que incluíam a idade da primeira menstruação, o número de filhos, a idade do primeiro parto e o de tempo total despendido com a amamentação.
No total, 623 mulheres desenvolveram artrite reumatóide durante o período. As participantes sem filhos apresentaram risco maior de ter a doença que as mães, relatam os pesquisadores. Entre as mães, aquelas que passaram um tempo total (acumulado) de pelo menos 2 anos alimentando suas crianças ao seio tiveram uma probabilidade 50 por cento menor de desenvolver artrite reumatóide que as mães que aleitaram os bebês por menos de 3 meses, indicaram os resultados da pesquisa.
As mulheres que amamentaram por um período que variou de 13 a 23 meses também tenderam a correr um risco menor de desenvolver artrite. No entanto, a probabilidade de apresentar a doença foi menor ainda entre as que aleitaram as crianças durante pelo menos 24 meses. Esse fato sugere que "quanto mais se amamenta, maior a redução" do risco, explicou Karlson.
Além disso, a relação entre o tempo despendido com a amamentação e a redução da probabilidade de ter artrite reumatóide se manteve mesmo quando os investigadores levaram em consideração o tabagismo, sabidamente um fator ligado ao aumento do risco de desenvolver a doença, segundo o estudo. A razão exata da ocorrência dessa associação permanece desconhecida. Apesar disso, Karlson suspeita que algum fator hormonal aumentado durante o aleitamento cause essa ligação. São necessários mais estudos, comentou a pesquisadora.
No trabalho, a equipe de Karlson não encontrou ligação entre nenhum outro fator reprodutivo ou hormonal e o risco de ter artrite reumatóide. Os cientistas divulgaram os resultados da pesquisa na terça-feira, durante o encontro anual da Sociedade Americana de Reumatologia, em Nova Orleans (Lousiana).