Os anticoncepcionais orais podem reduzir o risco de câncer de ovário até 20 anos após a mulher ter parado de tomar o medicamento, informou um novo estudo.Os pesquisadores já sabiam que as pílulas contraceptivas oferecem proteção contra o câncer de ovário, mas não estava claro qual era a duração do efeito protetor após a interrupção do uso da droga, observou Cristina Bosetti, do Instituto de Pesquisa Farmacológica, em Milão (Itália).
Trabalhos anteriores indicavam que esse efeito protetor durava pelo menos 15 anos, mas outros estudos sugeriam que ele diminuía com o tempo depois que a mulher parava de tomar a pílula.
A pesquisa mais recente, publicada no International Journal of Cancer, constatou que a proteção durou ao menos 20 anos e pareceu não diminuir ao longo do tempo.
"A persistência da proteção prolongada contra o câncer de ovário oferecida pelos contraceptivos orais tem implicações importantes para a avaliação do risco individual e para a saúde pública, pois a incidência de câncer de ovário aumenta com a idade e a doença ocorre com uma frequência cerca de dez vezes maior aos 60 anos que aos 30 anos", informaram os pesquisadores.
Para obter esses resultados, os especialistas analisaram seis pesquisas anteriores, realizadas entre 1978 e 1999 no Reino Unido, na Grécia e na Itália. No total, esses trabalhos contaram com a participação de 2.768 mulheres com câncer de ovário e 6.274 sem a doença. Todas tinham menos de 70 anos.
De um modo geral, as usuárias de anticoncepcionais orais tiveram um risco 34 por cento menor de desenvolver tumor de ovário que as não-usuárias. Cerca de 9 por cento das pacientes com câncer de ovário usaram pílula, comparadas a 13 por cento do outro grupo.
As mulheres que tomaram pílula por mais tempo obtiveram um benefício maior que as voluntárias que nunca usaram o medicamento. Quem tomou pílula por menos de cinco anos apresentou uma redução de 17 por cento no risco de desenvolver câncer de ovário. A probabilidade de ter a doença foi 58 por cento menor entre as mulheres que usaram contraceptivo por cinco anos ou mais, demonstraram os resultados.
"Essa análise, realizada com o maior grupo de dados sobre câncer de ovário já reunidos, confirma o efeito benéfico dos contraceptivos orais para o câncer de ovário e o aumento da proteção proporcional à duração do uso", informou a equipe de Bosetti.
O câncer de ovário é uma doença muito letal. A maioria dos casos é diagnosticada quando o câncer já afeta outros órgãos além do ovário e apresenta dificuldades de tratamento. Cerca de 23.300 norte-americanas devem receber o diagnóstico de tumor de ovário este ano, e 13.900 devem morrer em consequência da doença, informou a Sociedade Americana do Câncer.